Quando uma pessoa recebe o diagnóstico de depressão, logo passa por sua mente e de seus familiares as consultas com psicólogos, médicos e outros profissionais ligados ao tratamento da saúde mental. Não que isso esteja incorreto, muito pelo contrário: o acompanhamento com esses especialistas é fundamental para ajudar a superar o distúrbio.
Contudo, outras técnicas menos associadas ao controle do transtorno possuem potencial para aliviar os sintomas e mudar a postura, o pensamento e o comportamento dos pacientes.
Meditação
Essa técnica vem sendo cada vez mais usada de forma complementar ao tratamento médico. “Na meditação, utilizamos a respiração como uma viga mestra. Quando oxigenamos as células nervosas, há uma alteração no humor que nos faz sair do estado de inércia para uma maior proatividade”, explica a terapeuta especialista em meditação Nara Louzada.
Por meio desse procedimento, é possível estimular nosso cérebro para transformar a interpretação de situações do dia a dia. “A meditação atua na parte frontal do cérebro, onde se situam a atenção e o foco, além de trabalhar o sistema límbico, responsável pelas questões emocionais”, descreve Nara.
A profissional também aponta algumas dicas para desenvolver essa prática após algumas consultas ou, até mesmo, para quem deseja investir na meditação:
- “Pouco a pouco, pode ser feita pela própria pessoa, sem auxílio de ninguém, durante cinco minutos diários”;
- “Utilize técnicas de substituição de sentimentos opostos. Por exemplo: inspirar entusiasmo e expirar desânimo; ou inspirar alegria e expirar tristeza”;
- “A meditação costuma ter muito êxito no tratamento, mas o ideal sempre é prevenir, praticando-a antes que a doença se instale”.
Atividades físicas
O tempo todo nós somos lembrados do quanto é importante praticar esportes. Além de ser uma importante atitude na busca por uma vida mais saudável, essa prática pode trazer vantagens na luta contra a depressão — especialmente pelo fato de ajudar na maior liberação de endorfina.
“A endorfina é um hormônio produzido pela glândula hipófise e promove no organismo efeito analgésico, de bem-estar, melhora do humor e alegria”, descreve o ortopedista Mauro Olívio Martinelli. “Por ser liberada após atividades físicas e, por conta dos seus efeitos, pode ajudar no combate à depressão”.
De acordo com o médico, alguns estudos indicam que atividades físicas aeróbicas como caminhadas, corridas, andar de bicicleta e nadar liberam maiores níveis de endorfina.
Assim, com o acompanhamento de um profissional especializado, é possível consolidar uma regularidade na prática de esportes que, além de ajudar a superar o transtorno, pode colaborar para melhoras em áreas como memória, aprendizado, humor, disposição, sono e autoestima.
Meditação + esportes
Uma pesquisa recente da Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, analisou 52 pessoas e concluiu que meditar antes de praticar atividades físicas reduziu a intensidade dos sintomas de quem tinha depressão em 40%. As principais alterações identificadas foram no córtex pré-frontal (responsável pelo foco e pela atenção) e no hipocampo (ligado à memória e à aprendizagem). Antes dos testes, ambas as regiões apresentavam alterações na comunicação entre as células, e até um tamanho reduzido. Após as avaliações, notou-se que as áreas estavam próximas do que é considerado ideal e saudável.
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Consultorias: Mauro Olívio Martinelli, ortopedista; Nara Louzada, assistente social e terapeuta especialista em meditação.
Texto: Victor Santos e Vitor Manfio/Colaborador – Entrevistas: Ricardo Piccinato – Edição: Augusto Biason/Colaborador