Na última quinta-feira (11), por volta das 18h30 (horário de Brasília), o adolescente americano Daniel Fitzpatrick, de 13 anos, foi encontrado morto por enforcamento. O garoto cometeu suicídio por sofrer bullying na escola em que estudava, a Holy Angels Catholic Academy. Segundo o pai de Daniel, a resposta da instituição teria sido “calma tudo vai ficar bem. É só uma fase, vai passar“.
Daniel deixou uma carta de despedida contando tudo o que passou durante os anos na Holy Angels Catholic Academy. Nela, o garoto comenta: “Eu me mudei e voltei, mas era diferente. Meus amigos antigos mudaram. Eles não falavam comigo, eles nem gostavam mais de mim. Anthony, meu amigo […] me intimidava junto com John, Marco, Jose e Jack. Eles faziam isso constantemente, até que entrei em uma briga com Anthony […]“.
O garoto teve algumas fraturas e afirma que comentou o caso com todos os professores, “[…] eles não fizeram NADA! […] Mrs. McGodlrick não fez nada. Eu falei com todos os professores. Nenhum, exeto Ms. D’Alora (a melhor professora de todas), entendeu e fez algo sobre isso”.
No dia 13, o pai de Daniel, também chamado Daniel Fitzpatrick, comentou o assunto em seu perfil no Facebook: “Nenhum pai deveria enterrar seu filho. Nenhuma criança deveria passar o que Daniel passou“.
Hoje, 15, ainda muito abalado, Daniel fez outro vídeo para falar sobre o suicídio do garoto:
Danny's message.
Posted by Daniel Fitzpatrick on Monday, August 15, 2016
A escola ainda não se pronunciou sobre o caso.
O caso de Daniel, infelizmente, é um entre muitos. Esse tipo de violência acontece principalmente na adolescência. Nessa fase, os jovens lutam pela inserção social e, com isso, também surgem situações de exclusão e preconceitos.
É nesse momento – em que eles estão passando por grandes mudanças – que os adolescentes se tornam alvos fáceis de provocação e insegurança. Segundo a Secretaria da Saúde de São Paulo, 20% das dúvidas psicológicas que chegam ao Disk-Adolescente estão relacionadas ao bullying. Você já perguntou ao seu filho se ele já passou por isso?
Confira como você pode ajudar!
Entenda o bullying
O termo bullying tem origem na língua inglesa e se refere a todo e qualquer ato de violência psicológica ou física, cometido por um ou mais indivíduos contra outra pessoa, sem possibilidade de defesa, com a intenção de intimidá-la ou agredi-la.
“O bullying, principalmente no ambiente escolar, é extremamente prejudicial para o desenvolvimento dos adolescentes, podendo inclusive criar traumas e problemas psicológicos graves que necessitem de acompanhamento médico”, diz Albertina Duarte, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria.
Como saber se seu filho é vítima
Mônica Paoletti, terapeuta corporal do programa do adolescente, aponta que o principal local onde acontecem os casos de bullying é na escola. “O sinal mais evidente é quando o adolescente não quer ir mais a escola e não diz o motivo”, aponta.
Seja objetivo ao falar com seu filho sobre esse assunto. Segundo a terapeuta, é importante deixá-lo mais à vontade para que ele não tenha medo de procurar ajuda. “É importante promover o diálogo para criar um interesse geral em relação à vida dos filhos. Com isso, quando ele passar por uma situação de bullying, se sentirá a vontade de falar sobre isso com seus pais.”
Se identificar o problema, a escola deve ser notificada o quanto antes. “Nunca deve-se aconselhar as vítimas de bullying a revidarem a agressão”, aconselha Mônica. O indicado é que os pais busquem discutir o assunto junto às instituições de ensino.
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O que fazer quando seu filho é o agressor?
“Essa é uma questão que envolve a família como um todo,” enfatiza a terapeuta. Caso os pais percebam que seus filhos estão praticando o bullying, é necessário rever os padrões de relacionamento da família e até mesmo procurar a ajuda de um profissional. “O adolescente é um resultado de forças que interagem em um grupo familiar, por isso, é importante haver respeito e acolhimento”, diz Mônica.
A criança ou jovem que pratica esse tipo de ação merece uma atenção especial. É preciso que se entenda o que o motiva a tal agressão e então a família poderá unir forças para erradicar o problema. Essa preocupação não ajudará só o agressor, mas também irá aliviar as vítimas que sofrem com a prática.
FONTE: Mônica Paoletti, terapeuta corporal do programa do adolescente. Albertina Duarte, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente.