O cérebro é um órgão que, em toda sua complexidade, comanda inúmeras funções do corpo humano por meio das comunicações entre as bilhões de células que formam o sistema nervoso — os neurônios. E estruturas tão minúsculas como estas podem gerar efeitos devastadores se forem afetadas por fatores ambientais, como situações estressantes do dia a dia, ou algum descontrole do próprio corpo. Desse modo, com funções alteradas, alguns quadros de saúde podem aparecer, como transtornos mentais que afetam a memória, coordenação motora, concentração e humor, como é o caso da depressão.
Agentes importantes
Como citado no começo do texto, os grandes responsáveis pelo bom funcionamento da organização cerebral são os neurônios. Estas células, através das sinapses, o meio de comunicação entre um neurônio e outro, regulam diversas funções no cérebro que afetam o corpo todo.
O problema ocorre, de fato, quando os neurotransmissores — que, como explica o professor de neurologia Victor Fiorini, são substâncias químicas produzidas pelas células nervosas — se encontram desregulados. Esse processo, segundo o especialista, pode ter duas consequências: ativar um neurônio (neurotransmissão excitatória) ou inibi-lo (neurotransmissão inibitória). “Na depressão, existe um problema na quantidade ou na qualidade de alguns neurotransmissores excitatórios. Isso atrapalha o funcionamento de vários neurônios em determinadas regiões cerebrais, causando os sintomas de tristeza, apatia, alterações de sono, apetite, entre outras”, complementa Fiorini.
As substâncias que têm maior importância no desenvolvimento da depressão são aquelas sintetizadas nos neurônios do sistema límbico e da região frontal do encéfalo, com destaque para a serotonina, grande responsável pelas reações de estresse e pelo controle do humor, e principal alvo dos medicamentos antidepressivos que atuam na regulação do órgão.
Além desse neurotransmissor, “alterações em neurônios produtores de noradrenalina, dopamina e glutamato também são responsáveis por quadros de depressão. Alguns antidepressivos também atuam na produção destas substâncias”, finaliza o professor de neurologia.
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Texto e entrevistas: Giovane Rocha/Colaborador – Edição: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Martin Portner, médico neurologista, mestre em neurociência pela Universidade de Oxford, na Inglaterra; Victor Celso Cenciper Fiorini – professor de neurologia do curso de medicina do Centro Universitário São Camilo.