Seu filho não demonstra interesse pela comida e sempre recusa algum alimento novo que você oferece? Embora muitos pais acreditem que esse tipo de comportamento possa ser frescura, a psicóloga Nara Gera alerta que a criança pode estar sofrendo do Transtorno Alimentar Restritivo Evitativo, no qual “há uma dificuldade muito grande na alimentação, caracterizada pela falta de interesse e recusa de ingestão, podendo causar ao paciente deficiência nutricional grave, dependência dos poucos alimentos que consome, de suplementos alimentares e interferências na vida psíquica e social”.
Meu filho é seletivo?
“A criança seletiva, geralmente, apresenta três características: recusa alimentar, relata pouco apetite e não apresenta interesse pelo alimento. O medo de experimentar novos alimentos também é muito frequente nestas crianças. As preferências estão quase sempre entre os alimentos industrializados, processados ou extremos de doce ou salgado”, explica Nara. Como a criança está em constante desenvolvimento, a seletividade pode ser apenas uma fase, porém, precisa ser tratada pelos pais como um assunto sério, já que essa recusa pode levá-la a evitar situações em que a alimentação esteja envolvida, como festas de aniversário, piqueniques, passeios escolares etc. “Esse comportamento pode limitar a interação e a vida social, influenciando no surgimento de quadros de depressão e ansiedade”, ressalta a psicóloga.
A recusa tem motivo
“Existem estudos que sugerem que as pessoas seletivas possuem as papilas superaguçadas, tornando o sabor dos alimentos muito intensificado. Outros falam sobre o indivíduo associar emoções ou sensações negativas a alguns alimentos, como engasgos, desconfortos gastrointestinais ou até mesmo terem sido forçados a comer”, explica. As crianças seletivas também possuem grande sensibilidade em relação às vias sensoriais e, por isso, desejam sempre cheirar o alimento e sentir a textura da comida que irão consumir. “Incluo também a audição, porque a criança está sempre muito ligada ao que os pais e familiares dizem sobre as refeições ou sobre o alimento e, ainda, sobre sua maneira de se alimentar. Se a toda hora ficarmos reforçando que aquela criança é ruim para comer ou não gosta de comer, ela pode realmente levar consigo esta crença sobre si e, inconscientemente, isso influenciará em sua personalidade. Assim, as refeições precisam ser realizadas em ambientes agradáveis, sem brigas ou pressão”, ensina Nara.
Papel dos pais
“Primeiramente é preciso reconhecer o problema e acreditar que este comportamento não está ligado a frescuras ou birras. Sentindo esta confiança nos pais, ela já consegue ter a segurança na família para poder lidar com a situação. Incentivar a criança a enfrentar situações novas, oferecer um cardápio variado nas refeições e estimular os vínculos afetivos com os amigos e familiares são outras atitudes benéficas”, pontua a psicóloga, que sugere apoio médico e nutricional para ajudar o pequeno nessa fase. “Procurar profissionais qualificados e comprometidos com a questão alimentar fará toda a diferença para um caminho de sucesso em relação à seletividade infantil”, finaliza.
LEIA TAMBÉM:
- Agressividade, birra, insultos… Veja como controlar seu filho!
- 8 dicas para lidar com o ciúme entre os filhos
- O desenvolvimento físico e cognitivo do seu filho depende de você!