Os estudos sobre aspectos do inconsciente, arquétipos (espécie de “imagens primordiais” originárias da repetição de uma mesma experiência durante várias gerações, mas que não possuem uma forma fixa), filosofias ocidental e oriental e a religião, realizados pelo psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, deram origem à psicologia junguiana, também conhecida como analítica.
Qual a principal técnica da psicologia Junguiana?
Não existe uma fórmula exata sobre como será a primeira consulta com um terapeuta seguidor dessa corrente. Segundo a psicóloga junguiana Cristianne Vilaça, “não há regras no modo como é feita a primeira abordagem do paciente, nem com relação às demais sessões. Ou seja, o paciente deve falar do modo como lhe convém”. Ela ainda ressalta que o analista “deve estar atento ao ritmo que o próprio paciente irá dar a cada sessão, e isso deve ser sempre respeitado”.
Para quem é indicada?
A análise, segundo a teoria junguiana, é indicada para qualquer pessoa e para qualquer tipo de problema. De acordo com a psicóloga, “não há regras ou determinações específicas para as questões que possam ser trabalhadas com essa teoria, uma vez que qualquer problema, independente de sua natureza, pode ser compreendido e elaborado por meio da psicologia de Jung”.
Quais métodos são utilizados?
O modelo de Jung surgiu a partir dos estudos feitos por Sigmund Freud. Contudo, há algumas divergências entre suas teorias:
- Divã
O modelo de Freud contava com o uso do divã. “Freud o fez por entender que ouvir o paciente deitado e olhando para um teto, sem qualquer tipo de informação, pudesse permitir que o indivíduo não fosse afetado por imagens ou símbolos e até mesmo pelo próprio analista”, explica Cristianne. No entanto, o divã nunca foi uma regra entre os psicanalistas. Para Jung, “o divã não era necessário, uma vez que, entendia ele, ser importante a relação entre analista e paciente, ou seja, o confronto direto e pessoal que se forma nas relações pessoais”, elucida a psicóloga. E acrescenta: “para ele, o analista deve estar receptivo a tudo o que se apresentar e vier ao seu encontro”.
- Camadas do inconsciente
Para Jung, existem duas camadas no inconsciente. A primeira reúne as experiências pessoais que podem ser reprimidas, esquecidas ou ignoradas. Já a segunda se refere ao inconsciente coletivo, como instintos e arquétipos herdados da humanidade. A tentativa da psicologia junguiana é estabelecer com o inconsciente uma interlocução, de forma a gerar indivíduos melhores.
- Espiritualidade
Religião, segundo a psicologia analítica desenvolvida por Jung, é algo natural da psique humana coletiva, que se manifesta por meio dos arquétipos, nos sonhos, mitos e ritos. Além disso, a necessidade espiritual do homem em estabelecer rituais, símbolos e crenças religiosas seria uma forma de estruturação psíquica.
- Sonhos
Para Jung, os sonhos são um produto psíquico como outro qualquer. Isso significa dizer que são a maneira pela qual o inconsciente busca passar uma mensagem e, em razão disso, devem ser considerados como um elemento que faz parte da psique do indivíduo”, explica Cristianne Vilaça. De acordo com a psicóloga, o autor acreditava “haver um propósito da psique ao trazer, por meio dos sonhos, conteúdos, muitas vezes inconscientes, que necessitam ser percebidos e elaborados. Para tanto, é necessária uma interpretação abrangente e amplificativa”.
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Consultoria: Cristianne Vilaça, psicóloga junguiana