O isolamento domiciliar, em decorrência da pandemia de coronavírus, tem mudado drasticamente a rotina de muitas pessoas. Essa quebra de hábitos repentina, por sua vez, pode desencadear diversos problemas de saúde, principalmente psicológicos. Evitar depressão e apatia podem ser duas tarefas diárias no decorrer da quarentena.
Ao medo relacionado à contração e contaminação do Covid-19 é adicionado o temor de nos encontrarmos sem nenhum estímulo externo, que nos distraia de pensamentos tristes e confusos. Reclusos em casa, pacientes que já trataram ou estavam se tratando, tendem a reagir a esse novo cenário com ansiedade, pânico, angústia e desgosto. Por vezes, com pavor do hoje e do que está por vir.
Quando tudo parece estar um caos
Paula Negrão e Fernanda Caielli, psicólogas e diretoras do Instituto Connecta, acreditam que a primeira sensação é de uma “perda de controle”, quando a pessoa se sente vulnerável e não pudesse fazer nada para mudar a situação.
“Quanto mais a pessoa tende a ser controladora, mais forte esse sentimento de impotência. A seguir aparece a solidão, pois, muitas vezes, não conseguirmos olhar para dentro de nós mesmos. Simbolicamente, estar em casa é ter que arrumar a casa. É preciso olhar para dentro, nem todos querem lidar com isso”, complementa Paula.
Desse modo, o isolamento não necessariamente leva à depressão. O desequilíbrio do estado mental de alguém requer outros fatores. Ideia que é comprovada pelo fato de algumas pessoas estarem aproveitando o tempo em casa para despertarem seu lado produtivo e criativo.
Estão mais vulneráveis aqueles que fogem da própria vida, se apegando a uma rotina apertada, compras compulsivas ou coisas. A especialista ainda enfatiza que é mais fácil para os que “não tem tempo de nada ou que ficam sempre fora“.
Os sintomas também vão variar de idade para idade. Enquanto os mais jovens podem se sentir deprimidos por não conseguirem se dedicar a sua vida social e estudos, os mais velhos tendem a refletir sobre a solidão e a morte.
Isolamento em família
Além das empresas terem dispensados os seus funcionários para home office, instituições de ensino também fecharam suas portas. Ou seja, evitar depressão se tornou uma tarefa familiar, uma vez que todos se encontram no mesmo ambiente.
Esse é um ponto crucial do aumento de estresse para quem se sente só e também para famílias com a percepção de estarem enclausuradas. Onde, de repente, um pequeno espaço tem que ser compartilhado por várias pessoas e que ninguém pode sair.
“Se não souberem respeitar as individualidades e os espaços de cada um, as pessoas irão surtar. Dentro deste prognóstico, acabada a quarentena, os relacionamentos acabariam também”, destaca Caielli.
Por isso que entender a reclusão e tempo de cada um é essencial. É necessário que o resto da família esteja atenta, caso algum de seus membros dê sinais de depressão nessa fase, a fim de fornecer apoio, sendo essencial o cuidado psicológico.
Tratamento em época de pandemia
Assim como outros setores disponibilizaram seus serviços via internet, as sessões de terapia também ganharam novos espaços por meio de plataformas virtuais. Para evitar depressão, os profissionais atendem de forma remota, conversando e orientando sobre a situação.
“As pessoas não demorarão para se sentirem isoladas. Não saí do WhatsApp, Hangout e Skype atendendo quem precisava. Muita gente com quadro de ansiedade, depressão e crises de pânico”, revela Fernanda.
9 dicas para evitar depressão nesse período de reclusão
As psicólogas defendem que esse é o momento de nos conhecermos melhor, de nos permitir desenvolver outros aspectos. Aproveitar o tempo para mergulhar em nosso interior e nos dedicarmos a nós mesmos. Algumas orientações são:
Tenha uma rotina ativa
Não é porque você está em casa que tudo está perdido. Muito pelo contrário! Adapte a sua rotina antes da pandemia ao lar. Levante na mesma hora, arrume-se, planeja suas tarefas de hoje, trabalhe, faças as refeições corretamente, exercite-se. Para os mais jovens, basta manter o dia a dia ligado às atividades escolares. Muitas escolas disponibilizaram seus materiais online.
Evite excesso de informação
Confira o que está acontecendo no mundo em determinadas horas, não o dia todo. Ficar exposta demais as informações pode te sobrecarregar. Também atente-se a fake news! Cheque de onde vem cada dado. “Muita gente vai somatizar os sintomas sem estarem de fato doentes”, afirmam.
Fique longe do sedentarismo
Uma forma de evitar depressão é suando a camisa ou mantendo a paz interior. A meditação irá te ajudar com a respiração e a dominar as suas emoções, principalmente a ansiedade. Há diversos aplicativos para se exercitar no conforto do seu lar, sem qualquer dificuldade. Estipule horários para essas práticas. Até dançar vale!
Entenda que o isolamento é algo necessário
Não seja egoísta. O coronavírus se prolifera de forma rápida entre as pessoas, principalmente por meio do contato com infectados ou superfícies contaminadas. Por isso, é de sua responsabilidade se proteger e proteger o próximo.
Canalize pensamentos positivos
Além de passar longe das fake news, vale compartilhar notícias boas, palavras tem poder. Converse com amigos e familiares, divida fotos antigas e de bons momentos. Mude o foco para perceber que há muita coisa a sua volta.
Converse com outras pessoas
Se tem uma coisa a tecnologia nos possibilitou é a de estarmos conectados uns com os outros mesmo a longas distâncias. Use o WhatsApp e as redes sociais, mande SMS, converse por vídeo. Manter os vínculos são fundamentais.
Tenha uma motivação
Faça uma meta diária ou semana para ser cumprida. Estudar à distância, ficar em forma, organizar algum cômodo, cuidar da saúde, criar novas amizades pela internet.
Aproveite o tempo
Já que não há como se locomover muito fora de casa, sobra mais tempo para se dedicar a algo novo. Ler um livro, conhecer músicas novas, colocar as séries em dia, pintar, cozinhar, etc. Vale até descobrir uma nova aptidão!
Consultas online
Afim de evitar depressão e amenizar os seus sintomas, se você já estava em tratamento ou precisa iniciar um, vale apostar em consultas online. Há diversos profissionais a sua disposição, que estão fazendo consultas via Skype.
Paula e Fernanda concluem que “há que ser resiliente para suportar o momento e também empáticos com o próximo. Por exemplo, não pensar que eu não posso sair de casa, mas, sim, que eu escolho ficar em casa. Por mim e pelo meu próximo também”.
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