Como é passar por uma crise de ansiedade? Um vazio no peito, sensação de perder o domínio do próprio corpo e, até mesmo, sentir que pode morrer a qualquer momento — tudo isso acontecendo em um lugar seguro, como o sofá de casa. Os sintomas descritos são comuns em uma crise ansiosa, que possui uma forte característica do transtorno de ansiedade: a incoerência, já que, muitas vezes, o medo do futuro ganha um tamanho desproporcional ao possível problema.
Esse tipo de crise é o ápice do descontrole emocional gerado pelo distúrbio e o indivíduo não precisa, necessariamente, estar em um cenário caótico.
O que fazer em uma crise de ansiedade?
Neste momento, é preciso tentar ficar calmo e respirar fundo, esperando que a crise passe em alguns minutos. Não há remédio para as reações do corpo, como as palpitações e tremedeiras, já que o problema é mais além. “Para acabar com a ansiedade, é necessário ir à sua causa, onde se originou o fator estressante e ensinar ao paciente como lidar com ela”, explica o psiquiatra João Jorge Cabral.
Os sintomas variam de uma pessoa para a outra. A seguir, confira as reações mais comuns:
Pupilas dilatadas
Em um sinal de que o perigo está por vir, as pupilas se dilatam no momento de medo. Já reparou que quando alguém está assustado os olhos ficam assim?
Respiração curta e rápida
A crise de ansiedade tem ligação direta com o ato de respirar. Durante o período, há um bloqueio no peito na parte onde ficam os pulmões e, por isso, a respiração fica desregulada e, geralmente, se torna rápida e curta. A dificuldade em respirar recebe o nome de dispneia.
Dor de cabeça
A sensação de perigo que a ansiedade dispara no cérebro faz com que o sistema nervoso acelere seu funcionamento. Devido ao aumento do fluxo sanguíneo, pode surgir a dor de cabeça. Além disso, é comum que a pessoa apresente falhas na memória e dificuldade de concentração devido a esse funcionamento desregulado da mente.
Boca seca
Chamado de xerostomia ou de hipossalivação, ficar com a boca seca acontece porque a crise provoca alterações na liberação dos hormônios adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Além disso, com a respiração ofegante, pode ocorrer de a pessoa respirar pela boca, o que aumenta ainda mais a sensação.
Músculos tensos
O disparo de hormônios e a mensagem de risco iminente pelo cérebro faz com que os músculos fiquem rígidos, como se o corpo estivesse se preparando para um ataque ou fuga. Em algumas crises, a rigidez é tanta que pode provocar dores, principalmente nos ombros e pescoço, que costumam ficar mais tensos.
Sensação de taquicardia
O coração acelerado é um dos sintomas que mais assustam, pois pode levar a pessoa a crer que está tendo um infarto. Porém, no caso da crise de ansiedade, não passa de uma resposta do coração ao metabolismo acelerado.
Suor frio
Transpirar em excesso pode ocorrer mesmo em dias frios. Isso acontece porque há uma estimulação do sistema nervoso simpático, e, com isso, as glândulas sudoríparas produzem mais suor. A transpiração pode ser generalizada ou concentrada em algumas partes, como mãos, pés e axilas.
Tremores
A grande liberação de hormônios interfere no controle do corpo. Por isso, mãos, pés e pernas podem ficar trêmulos.
Paralisação
A crise pode ser tão aguda que paralisa o indivíduo, ao ponto de ele não ter vontade e forças para sair de casa. Ou então, fazer tudo no “automático”, sem ter ânimo de se empenhar nas tarefas cotidianas.
CONSULTORIA: João Jorge Cabral, psiquiatra, hipniatra e vice-presidente da Associação Brasileira de Hipnose (ASBH).
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Texto e entrevistas: Natália Negretti