Quando se fala em autismo, a literatura científica e a prática clínica demonstram que as terapias com abordagens cognitivo-comportamentais apresentam melhores resultados do que somente o uso de medicamentos para o controle de alguns comportamentos específicos. Por isso, aliados, os tratamentos podem contribuir para o bem-estar e uma melhor qualidade de vida dos os autistas.
Existem remédios para o autismo?
De acordo com o psicólogo Gabriel Coutinho, “não existe medicação específica para o autismo mas medicações que podem ser utilizadas para tratamento de sintomas pontuais, como a agitação excessiva e a agressividade”. Larissa Helena Zani Santos de Carvalho, psicóloga e mestre em educação especial, lembra que algumas pessoas com TEA também utilizam remédios para o controle do comportamento obsessivo e das alterações no sono. Segundo a psiquiatra Gabriela Stump, esses medicamentos “agem em circuitos cerebrais que estão relacionados a neurotransmissores como serotonina, dopamina e noradrenalina”.
Assim, é possível facilitar o aprendizado e a aplicação de terapias pedagógicas voltadas para a aquisição da linguagem ou de comportamentos sociais. Ao mesmo tempo, novas pesquisas buscam desenvolver tratamentos medicamentosos para melhorar os efeitos da co-morbidade (doenças ou transtornos que ocorrem junto ao autismo), como quadros de epilepsia e depressão.
Há medicamentos para autistas distribuídos pelo SUS?
No início de 2015, o Sistema Único de Saúde (SUS) passou a oferecer o medicamento Risperidona para o tratamento de sintomas do autismo. O medicamento já era utilizado em consultórios privados, mas não estava disponível na rede pública.
A Risperidona tem efeito sobre a maior parte dos transtornos relacionados aos pensamentos e às emoções. Além disso, é utilizado para o tratamento de sintomas como agressividade e transtornos psicomotores. Embora seja indicado para crianças a partir de cinco anos, nem todos os autistas precisam tomá-lo, já que cada caso apresenta sintomas diferentes e requer uma avaliação médica própria.
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CONSULTORIA Gabriel Coutinho, psicólogo e professor do Centro Universitário Celso Lisboa, no Rio de Janeiro (RJ); Gabriela Viegas Stump, psiquiatra e responsável pela formação dos residentes do PROTEA (Ambulatório de Autismo) do Ipq – HC-FMUSP; Larissa Helena Zani Santos de Carvalho, psicóloga, mestre em educação especial e docente em psicologia na Universidade do Sagrado Coração (USC), em Bauru (SP).
FONTE: A medicação para falta de atenção e hiperatividade funciona em pessoas com autismo?, artigo de Rosa Magaly Morais e Rebeca Costa e Silva, publicado no site da Associação de Amigos do Autista (AMA) em 2009.
TEXTO: Érica Aguiar e Marcelo Ricciardi
ENTREVISTAS: Érica Aguiar e Natália Negretti