As terapias com abordagens psico-comportamentais são consideradas por especialistas como mais efetivas do que apenas uso de medicamentos para o tratamento de autismo. Contudo, em alguns casos, os antipsicóticos podem ser utilizados para o tratamento de agitação, violência e irritabilidade, pois são inibidores das funções psicomotoras. Outros tratamentos são indicados para a melhora da memória e do pensamento objetivo.
Existem ainda os medicamentos para o controle das convulsões que podem afetar indivíduos autistas. No entanto, devem ser utilizados apenas sob prescrição médica. Já algumas drogas antipsicóticas são aconselhadas por médicos para autistas com distúrbios de comportamento. Contudo, só devem ser utilizadas quando realmente necessárias.
Novos estudos de medicamentos
Pesquisas têm revelado que pode haver uma neuroquímica responsável por modular a empatia, possivelmente por agir em neurônios com atividade espelho. Entretanto, segundo o neurocientista Danilo Benette Marques, isso ainda é incerto. “Um dos candidatos é o hormônio ocitocina. Ele é liberado durante o parto, mas também em quase todas as relações sociais em que há devoção. Liberamos ocitocina quando estamos apaixonados, quando abraçamos alguém, quando estamos com nossos pais ou até mesmo quando fazemos carinhos em nossos animais de estimação”, explica Benette.
Ainda segundo o neurocientista, um experimento mostrou que inalar ocitocina faz com que as pessoas se tornem mais confiantes umas nas outras e aumentem a dedicação durante trabalhos em grupo. “O possível papel da ocitocina em modular positivamente a empatia faz dela uma candidata interessante para uso de tratamento no autismo”, sugere o especialista.
Outros estudos mostraram que a injeção de ocitocina, em modelos animais de autismo (camundongos, por exemplo), gera a melhora de alguns sintomas do transtorno, como a dificuldade de aprendizado.
Para o que servem os psicoestimulantes?
Conhecidos, no Brasil, na forma de metilfenidato (Ritalina), são utilizados no tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e para controle do sono, provocando, muitas vezes, excesso de sonolência. Tais medicamentos agem no sistema nervoso central, aumentando a comunicação entre neurônios.
“Isso resulta em diminuição da hiperatividade e impulsividade e no aumento do tempo e qualidade da atenção. Os efeitos adversos mais comuns associados aos psicoestimulantes são dor de estômago, perda de peso e insônia (dependente do horário de administração). Há necessidade de acompanhamento da altura dos pacientes, quando o uso é a longo prazo”, explicam Rosa Magaly Morais e Rebeca Costa e Silva no artigo A medicação para falta de atenção e hiperatividade funciona em pessoas com autismo?.
De acordo com o documento, os estudos também demonstraram que quanto maior o comprometimento cognitivo, menor o efeito dos psicoestimulantes. Isso faz com que a medição funcione melhor para indivíduos com TEA leve do que para autista com grau mais grave.
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CONSULTORIA Danilo Benette Marques, neurocientista na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP – USP).
FONTE: A medicação para falta de atenção e hiperatividade funciona em pessoas com autismo?, artigo de Rosa Magaly Morais e Rebeca Costa e Silva, publicado no site da Associação de Amigos do Autista (AMA) em 2009.
TEXTO: Érica Aguiar e Marcelo Ricciardi
ENTREVISTAS: Érica Aguiar e Natália Negretti