Atualmente, há diversas classes de medicamentos disponíveis no tratamento da depressão. Essa variedade se dá devido às diferentes formas de ação das substâncias. “Os antidepressivos podem ser classificados de acordo com a estrutura química ou as propriedades farmacológicas”, explica o neurocientista Aristides Brito. Isso permitiu que cada remédio seja indicado dependendo de alguns fatores, como sintomas, uso de outros medicamentos, doenças já existentes, idade, peso corporal… Ou seja, o tratamento torna-se mais individualizado.
Os primeiros medicamentos utilizados no combate à depressão surgiram em 1958, denominados tricíclicos. Com uma estrutura apresentando um núcleo com três anéis — daí o nome —, o remédio atua como inibidor de recaptação de serotonina e noradrenalina e é mais eficaz em casos de depressão crônica ou profunda. Ele age vedando os neurônios, aumentando a atuação dos neurotransmissores. “Devido às variadas ações em outros sistemas, os tricíclicos têm efeitos adversos que impedem seu uso mais generalizado, mas também podem apresentar efeitos terapêuticos mais variados”, avalia Adriano.
Uma segunda classe de remédios é a dos inibidores da monoamina oxidase, mais conhecidos como IMAO. Eles promovem um aumento gradual da disponibilidade da serotonina, já que inibem a atuação da enzima responsável pela degradação do neurotransmissor que regula o humor. Os IMAO são mais usados para a depressão maior e de longa duração.
Mais recentemente, uma nova família de antidepressivos foi introduzida no mercado. Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS ou SSRI, na sigla em inglês) se diferenciam pelo fato de intervirem diretamente no aumento do nível de serotonina, ao inibir a sua recaptura pelo neurônio pré-sináptico, enquanto os mais antigos ficaram conhecidos pela atuação nos sistemas de noradrenalina. “Assim, a serotonina fica mais disponível para o cérebro em si, facilitando a comunicação entre o lobo frontal e o sistema límbico, além de facilitar a criação de novos neurônios, o que reforça a atividade dos circuitos encefálicos”, disserta Aristides.
Contudo, alguns estudos sugerem uma menor efetividade em relação às outras categorias de antidepressivos, por isso seu uso é indicado apenas em depressão moderada. Por outro lado, os riscos empregados pelos ISRS são menores se comparados às outras classes, o que contribui para que estes sejam os mais receitados atualmente em todo o mundo. Para o psiquiatra Adriano Segal, esses “são os agentes mais usados devido ao perfil adequado de eficácia e tolerabilidade, além de maior facilidade de utilização em relação às outras classes”
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Texto e entrevistas: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Adriano Segal, psiquiatra e diretor de psiquiatria de transtorno alimentar da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), em São Paulo (SP); Aristides Brito, neurocientista e diretor da Marca Pessoal Treinamentos.