Ninguém se dá conta de que esse processo é difícil até que se depara com uma situação como “preciso separar algumas roupas para doação porque as novas não cabem no armário”. Ficamos numa sinuca de bico: do que abrir mão? É claro que o momento pode ser ainda pior e envolver um relacionamento sério, por exemplo. “Queria terminar, as coisas não vão bem, mas ele(a) esteve comigo em tantos momentos até hoje…”. Difícil. Mas o que será que justifica o fato de que a gente se apega tanto às nossas coisas?
Por que a gente se apega?
Acumular é um instinto quase que natural do ser humano por um simples motivo: o simbolismo que atribuímos àquilo que nos apegamos. “No ser humano, a capacidade de simbolização permite atribuir um valor emocional a várias situações, coisas ou vivências”, resume a psiquiatra Julieta Guevara.
A educadora e especialista em inteligência emocional Semadar Marques destaca outro ponto importante que nos faz ter esse apego todo: certas convicções que são transmitidas por gerações. “São crenças de que somente possuindo determinado bem é que se é feliz”, indica a profissional.
“Posteriormente, viram uma verdade interna que nos torna profundamente apegados e ansiosos em possuir determinado ‘objeto de felicidade’”, diz. É muito comum, especialmente nas crianças, enxergar esse desejo todo de ter um determinado objeto que provavelmente vai trazer muita alegria. O problema é que crescemos e corremos o risco de cair em uma armadilha: a de adquirir determinados itens pelo status ou reconhecimento externo que trazem.
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Consultorias: Giridhari Das, coach, palestrante, autor e instrutor no campo da autoajuda, autorrealização em yoga e consciência de Krishna; Helô Costa, jornalista, especialista em organização e fundadora do Da Porta Pra Dentro (www.daportapradentro.com.br); Julieta Guevara, psiquiatra e diretora da Clínica Neurohealth, em São Paulo (SP); Martin Portner, neurologista, escritor e palestrante; Semadar Marques, educadora, especialista em empatia, propósito de vida e inteligência emocional.