Na época da ditadura militar no Brasil (1964 -1985), as formas de arte que não eram adequadas aos olhos do governo eram vetadas. Na música, Caetano Veloso e Gilberto Gil são os nomes mais famosos que sofreram repressão. Nas artes visuais, houve o cancelamento do 4º Salão de Arte Moderna de Brasília em 1967. Com a televisão não foi diferente: Janete Clair e Dias Gomes foram autores que sofreram fortes intervenções e foram perseguidos até mesmo depois do fim do período da ditadura. E suas obras só puderam ir ao ar com mudanças ou depois desse período. Relembre algumas novelas brasileiras censuradas!
Novelas brasileiras censuradas
Roque Santeiro (1975)
Trinta capítulos de Roque Santeiro já haviam sido gravados, e a data de estreia seria no dia 27 de Agosto de 1975. Enquanto o Jornal Nacional era exibido, o jornalista Cid Moreira leu uma nota escrita por Roberto Marinho, anunciando o veto da novela de Dias Gomes, que viria a ser exibida somente dez anos mais tarde, após o término do período militar.
Tudo isso aconteceu porque a Censura Federal notou que a trama era baseada no texto teatral “O Berço do Herói”, de 1963, que já havia sido vetado. A novela se tornou um verdadeiro sucesso mundial e foi vendida para mais de dez países.
Fogo Sobre Terra (1974)
Fogo Sobre Terra foi uma das novelas brasileiras censuradas antes mesmo de ir ao ar, com base em sua sinopse. Com início em 1974, a trama de Janete Clair, que falava sobre a construção de uma hidrelétrica, começou a sofrer influência quando o personagem principal Pedro Azulão (Juca de Oliveira) queria evitar que a cidade fictícia de Divineia fosse inundada, e convocou os cidadãos para pegarem suas armas e lutarem para defendê-la. Na época, o governo estava investindo na energia hidroelétrica, e a construção da usina de Itaipu teria início.
O ato do personagem foi visto pela censura como uma apologia a conflitos, proibindo as cenas. A autora modificou o roteiro, e Pedro seria morto pelas águas que tomariam a cidade. Neste momento, o governo interveio novamente, decidindo que o personagem não deveria ter um final de mártir na história.
O Homem Proibido (1967)
O Homem Proibido foi uma das novelas que mais contou com intervenções governamentais. Antes mesmo de ser lançada, já sofria ameaças, e, durante a exibição, pelo menos dez cortes foram impostos. Uma das alegações da Censura Federal era que os diálogos entre Joyce (Lídia Brondi) e Sônia (Elizabeth Savala) apontavam que as jovens eram homossexuais. Com tantas acusações, a novela acabou atraindo mais espectadores e se tornou um sucesso da dramaturgia brasileira.
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Texto e edição: Monique Lima e Érika Alfaro