Hoje é dia de rock, bebê! Está oficialmente dada a largada para o início do Rock in Rio. O evento, que marca o retorno do festival pós-pandemia, já começa em grande estilo com o Dia do Metal. São 38 atrações, distribuídas em oito palcos ao longo da Cidade do Rock, e entre elas, a Crypta, banda de death metal inteiramente feminina.
Abrindo o palco Supernova, a partir das 16h30 desta sexta-feira (02), a Crypta é uma banda brasileira/holandesa fundada em 2019. Entre as integrantes estão Fernanda Lira, que é vocalista e baixista, Luana Dametto, na bateria; além de Sonia Anubis e Tainá Bergamaschi nas guitarras.
Juntas, elas são responsáveis por produzirem um rock poderoso, mas também fazem barulho por causas importantes, como a luta contra o machismo no cenário metaleiro. Atualmente, a banda está promovendo o “Echoes of my soul”, álbum lançado em 2021 que conta com o lead single “From the ashes”.
Em 2022, antes do Rock In Rio, a banda fez sua primeira turnê por 17 estados
brasileiros e pelo Wacken Open Air, um festival de heavy metal que aconteceu no norte da Alemanha. Curiosas que somos, nós, da Alto Astral, conversamos com Fernanda Lira, vocalista e baixista da banda. Confira como foi o bate-papo!
Como é para você e para a Crypta serem uma presença e uma potência feminina no cenário do metal?
Fernanda Lira: “Eu acho incrível poder estar ali vivendo meu sonho e ao mesmo tempo representando todas nós, é um privilégio pelo qual sou muito grata. Eu acho que quanto mais mulher conquistando espaços e vivendo seus sonhos, melhor, então estar ali para gente é muito significativo. Só nós mulheres sabemos o quão especial é ver outra mulher ali fazendo o que ama, sabe? Então para gente, essa representatividade é muito especial, estar lá mostrando para outras manas que é possível sim ocupar espaços majoritariamente masculinos e desempenhar papéis que por séculos a sociedade não queria que a gente fizesse”.
Fernanda Lira dentro e fora dos palcos:
Se por um lado, a Crypta já foge dos padrões de bandas de rock, por outro, Fernanda Lira mostra que é possível ser metaleira do seu jeito, sem esteriótipos. Em entrevista, ela confessa que já ostentou seu jeito metaleiro de ser para mostrar ser fã de bandas de metal. Contudo, aos poucos ela percebeu que não era necessário andar de preto o tempo todo e ainda revela que gosta muito de colorido, neon, glitter e holográfico. Por isso, perguntamos a Fernanda se ela já foi julgada como menos metaleira por ser quem ela é. A resposta foi:
Fernanda Lira: “Eu sou uma pessoa muito diversa com gostos muito plurais e eu gosto de passar isso no meu convívio com as pessoas e nas minhas redes sociais, que são uma extensão do meu dia a dia. Eu gosto de tudo colorido, de glitter, gosto de chá, gosto de yoga, sou vegana, não bebo álcool, gosto de cantar Beyoncé, então eu vou sempre estar falando sobre essas coisas. E por isso sim, com certeza já fui julgada, mas isso só me inspira a quebrar mais estereótipos ainda”.
A vocalista ainda admitiu que já foi acusada de várias outras coisas, mas se posiciona. “Eu não ligo porque eu nunca quis caber dentro de nenhuma regra nem do que as pessoas esperam que eu faça, então quanto mais falam que eu não estou seguindo um padrão, mais sei que estou conectada com a minha autenticidade, e é isso que mais importa para mim”, comenta.
Relação com o mundo esotérico
Além de ser desprendida aos esteriótipos, Fernanda também mostra em suas redes sociais ser estudiosa de assuntos ligados ao mundo esotérico. Por isso, perguntamos como começou essa relação:
Fernanda Lira: “Eu sempre tive um pezinho no esoterismo, mas demorei muito para entrar de cabeça porque tinha medo de começar a ver espírito, essas coisas e eu morro de medo (risos). Mas lá por 2018 passei por umas coisas e realmente rolou um despertar espiritual — comecei uma verdadeira jornada de autoconhecimento e no meio dela, descobri uma grande afinidade com esse lado místico. Hoje, tenho várias formações na área — além do tarot e do reiki, também já me certifiquei em benzimento, Magia do Fogo, Cristaloterapia, Apometria, Astrologia, além de amar me aprofundar sobre ervas, aromaterapia, dentre outras coisinhas. Estou sempre estudando coisas novas!”
Crypta: Girl Power!
Revolucionando principalmente o metal brasileiro a partir de sua existência, é sempre importante olhar para aquelas que abriram caminhos e a possibilidade de sonhar com uma indústria musical completamente diferente. Por isso, a vocalista da Crypta listou uma série de inspirações suas de dentro do rock’n’roll.
Fernanda Lira: “As mulheres que mais me inspiraram no começo da minha jornada no metal foram as minas do Girlschool, a Doro Pesch, a Tarja, a Angela Gossow. Hoje sou inspirada por muito mais, a Tatiana do Jinjer é a que mais inspira a aprender coisas novas no vocal que eu possa usar na Crypta”.
Mas não para por aí! Pois Fernanda também possui muitas outras inspirações femininas no cenário músical. “Fora do gênero, amo divas também (risos). Aprendi e amo muito a Amy Winehouse, a Beyoncé, a Aretha Franklin, Etta James, Nina Simone, Dinah Washington, etc”, explica a vocalista.
Show da Crypta no Rock in Rio: o que podemos esperar da apresentação?
Fernanda Lira: “Vai ser um show super intenso! Tocar nesse festival é um sonho em comum que todas nós tínhamos há muito tempo! Então vamos estar com a energia lá em cima, prontas para dar um show inesquecível! Toda vez que subo no palco, penso em todas as mulheres que me inspiraram e que possam me inspirar. Isso me ajuda a dar o meu melhor e no Rock in Rio não vai ser diferente, vai ser mágico e esperamos que todo mundo curta muito”.
Para quem vai ao Rock in Rio hoje, a Crypta estará no palco Supernova a partir das 16h30. Já para quem acompanha de casa, a transmissão acontece no Multishow.
