Sabemos que, no mundo animal, é uma prática comum que um bicho mate o outro para se alimentar. Mas, segundo o Espiritismo, por que isso acontece? Tal costume não seria contrário aos preceitos de Deus?
Allan Kardec responde essa pergunta no Cap III do seu livro A Gênese: “A verdadeira vida, tanto do animal como do homem, não está no invólucro corporal, assim como não está no vestuário; ela está no princípio inteligente que preexiste e sobrevive ao corpo. Esse princípio tem necessidade do corpo para se desenvolver pelo trabalho que ele tem que realizar sobre a matéria bruta”.
O representante espírita segue dizendo que o corpo se desgasta nesse trabalho, mas o espírito não, ao contrário, sai dele cada vez mais forte, mais lúcido e mais capaz. “Que importa, então, que o espírito troque mais ou menos frequentemente de envoltório? Ele não é menos espírito por causa disso. É exatamente como se um homem mudasse de roupa cem vezes por ano: por essa razão ele não deixaria de ser o mesmo homem”, analisa.
Kardec também apresenta outros argumentos para responder a questão relacionada ao mundo animal: “Uma primeira utilidade, que se apresenta, dessa destruição, sem dúvida puramente física, é esta: os corpos orgânicos só se mantêm com a ajuda das matérias orgânicas, só estas contêm os elementos nutritivos necessários à sua transformação. Como os corpos, instrumentos de ação para o princípio inteligente, têm necessidade de ser constantemente renovados, a Providência faz com que sirvam à sua mútua manutenção; é por isso que os seres se alimentam uns dos outros. Há, além disso, considerações morais de ordem mais elevada”.
O autor ainda esclarece que a luta é necessária para o desenvolvimento do espírito, é na luta que ele exerce suas faculdades. “Aquele que ataca para obter seu alimento e aquele que se defende para conservar a vida, usam de astúcia e de inteligência, aumentando, por isso mesmo, as suas forças intelectuais. Um dos dois sucumbe, mas, efetivamente, o que foi que o mais forte ou o mais habilidoso tirou do mais fraco? Sua vestimenta de carne, nada mais; o espírito, que não morreu, tomará outra mais tarde”, finaliza.
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Texto: Redação / Edição: Érika Alfaro