A mensagem subliminar é um recurso bastante utilizado na publicidade e propaganda por provocar alterações de comportamento que têm o potencial de induzir ao consumo. Contudo, a situação não é assim tão catastrófica, afinal, criar uma mensagem subliminar não é algo muito simples e há órgãos reguladores que estão sempre de olho no que é vinculado comercialmente.
Além disso, as mensagens também podem ser utilizadas para o bem, como no processo de aprendizado e mudanças de hábitos. Mas, se as mensagens subliminares se enquadram como mocinhas ou bandidas, envolve muitas controvérsias.
A técnica é transmitida por meio das sensações, seja da visão de imagens projetadas a uma velocidade maior àquela propícia à captação do olho humano, de figuras ocultas em quadros e cenas, de sons ou luzes em um ambiente.
“Existem partes do sistema nervoso que trabalham com informações sensoriais exteroceptivas do meio externo que não se tornam conscientes. Elas são subliminares para a consciência, pois são enviadas e processadas primariamente em faixas mais profundas do córtex cerebral e áreas subcorticais, como os núcleos da base do cérebro e cerebelo”, explica a psiquiatra Célia Cortez.
Esses processamentos resultam na formação da base de funções automáticas inconscientes, porém, recrutadas para atender funções conscientes, como as motoras. O sistema visual – principalmente quando o assunto é mensagem subliminar – é algo bastante complexo. Muito do que você enxerga, você não vê e vice-versa. Objetos que estão em foco são processados pelo consciente, porém, todo o resto que está fora de foco é processado inconscientemente, sendo utilizado, por exemplo, para formar o contexto de localização espacial do objeto em foco.
“Essas informações colaterais, em caso de locomoção, por exemplo, são enviadas para áreas subcorticais, como os núcleos da base cerebral, e outras áreas abaixo do cérebro como o cerebelo, sendo usadas para coordenar a dinâmica muscular e orientar o movimento no espaço”, aponta Célia.
As informações visuais, antes de alcançarem o córtex cerebral, passam por regiões chamadas núcleos talâmicos, onde ocorre uma redistribuição. “Toda informação visual de uma cena que alcança o córtex é memorizada, mas a imagem focada é aquela armazenada em plano primário e com alta definição, o que fará com que ela seja lembrada mais facilmente”, complementa a especialista.
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Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Célia Cortez, psiquiatra, neurocientista e autora do livro Fisiologia Aplicada à Psicologia (editora Guanabara Koogan)