Foi nítido, na época do regime militar, o quanto o Ato Institucional nº 5 (AI-5), de 1968, endureceu a censura e repressão no Brasil. O que ninguém sabia era que diversos artifícios usados para driblar a censura feita a jornais, livros e letras de música de fato atingiam esse objetivo. É o caso do cantor e compositor Chico Buarque, que adotou o pseudônimo “Julinho da Adelaide” ao ter trabalhos reprovados simplesmente por serem de sua autoria.
Graças a esse codinome, as canções Milagre Brasileiro, Acorda Amor e Jorge Maravilha passaram pelo crivo do governo e se tornaram conhecidas, provocando, no mínimo, reflexões sobre a ditadura. Julinho da Adelaide deu até entrevista, para tornar a farsa ainda mais convincente. “A história durou até 1975, quando uma matéria do Jornal do Brasil contou o segredo”, explica o historiador João Francisco Tidei de Lima, professor aposentado da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Calcula-se que mais de 500 filmes e 450 peças teatrais tenham sido interditadas, 200 livros proibidos, dezenas de programas de rádio e televisão e mais de mil letras de música censuradas”, lembra Lima.
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Texto: Redação Edição: Angelo Matilha Cherubini