5 mitos sobre a escravidão no Brasil

Conheça algumas crenças populares que costumam ser refutadas pelos historiadores

- Quadro pintado pelo francês Jean-Baptiste Debret

Muito do que você aprendeu sobre a escravidão – seja no dia a dia ou até na própria escola – pode não ser tão verdade assim. Portanto, selecionamos cinco tópicos controversos que detalham os interesses por trás de equívocos disseminados até os dias de hoje. Confira!

Quadro pintado pelo francês Jean-Baptiste DebretFoto: Wikimedia Commons

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  • Feijoada foi uma criação dos cativos nas senzalas?

Quando se trata de recordar a herança cultural africana no Brasil, a feijoada sempre aparece como iguaria de ligação direta com o período colonial. Contudo, a ideia de que os escravos aproveitavam as sobras de comida (especificamente, pés, orelhas e rabo de porco) para criar o famoso prato não é a versão mais aceita pelos historiadores. Na verdade, acredita-se que a feijoada surgiu como forma adaptada dos pratos comuns na Europa – o cassoulet seria o “primo” mais famoso da versão brasileira. Então, o que os servos comiam se a feijoada não era o improviso que criaram para se alimentar? Com a escassez de alimentos, já que os produtos de Portugal eram muito caros e como o cultivo no Brasil também não era desenvolvido, a farinha de mandioca, além do feijão, do milho e das frutas, compunha a dieta dos cativos.

  • A capoeira foi trazida da África?

Já em solo brasileiro, a luta nasceu como uma criação dos escravos africanos da etnia banto, no século 17. Assim como o samba e as religiões de matriz afro, a capoeira era proibida até o final da década de 1930. Porém, nunca deixou de ser praticada e ganhou mestres de peso no decorrer dos anos, como os consagrados mestre Bimba e mestre Pastinha. Hoje, são mais de oito milhões de praticantes no mundo, sendo que, compreensivelmente, mais de seis milhões são do Brasil.

  • Zumbi dos Palmares também tinha escravos?

A pergunta costuma vir à tona sempre que o papel de resistência de Zumbi é questionado. O herói tinha, sim, escravos e colaborava para a manutenção do sistema no Quilombo dos Palmares, localizado na antiga capitania de Pernambuco (hoje Alagoas). Entretanto, é consenso entre os especialistas que, à época, seria muito improvável que Zumbi, um rei, tivesse ideais iluministas e abolicionistas em seu tempo. Portanto, sua luta era baseada mais na crença de que seu próprio grupo fosse liberto – o que não invalida seu histórico de resistência.

  • Manga com leite faz mal?

A resposta é não. E o que esse mito tem a ver com a história da escravidão? A questão é que a lenda foi criada justamente para impedir o consumo do alimento, uma vez que o leite era um dos itens mais caros adquiridos na colônia. Nenhum senhor “correria o risco” de ter a bebida consumida por um escravo e, paralelamente, como as mangueiras e seus frutos eram fartos, os cativos comiam muito a fruta que estava ali, à disposição. Surgira assim, a invenção da mistura venenosa. Afinal, se a história contada envolvesse apenas o suposto veneno do leite, logo cairia por terra na primeira vez que um feitor fosse flagrado bebendo a “preciosidade”. Ainda hoje, muitos acreditam que o leite com manga traz prejuízos ao organismo, o que é refutado com veemência por médicos e nutricionistas.

  • Os negros da África praticavam a escravidão?

Embora os números indiquem que até 10 milhões de negros da África cruzaram as águas rumo ao “novo mundo”, transformando-se em mão de obra escravizada, a prática escravista também existia no continente africano. Isso porque a prática é herança dos povos da antiguidade, com ocorrências na Grécia Antiga, bem como em Roma e na região da Mesopotâmia. Considerando a extensão territorial do continente africano, é absolutamente aceito que diferentes povos conviviam na mesma área, e a relação no século 16 era de disputas de poder e submissão. Desta maneira, os perdedores acabavam capturados e eram obrigados a trabalhar de maneira compulsória.  Além disso, muitas sociedades estabeleceram que a escravidão seria a punição para diversos crimes, incluindo roubo e adultério.

Texto: Bruno Ribeiro e Tatiana Santos

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