Veterano da TV, Tony Ramos completa em 2013 50 anos de carreira. Chegar a tal feito não é para qualquer um, ainda mais com respeito, humildade e consciência de seu trabalho.
Em entrevista à Guia da TV, o ator falou sobre seu novo trabalho, a série “A Mulher do Prefeito”, que estreia na sexta-feira na TV Globo, depois do Globo Repórter. Considerado por muitos um galã da TV brasileira, ele ainda falou sobre o que acha da fama, do papel do ator e de como vai comemorar os 50 anos de profissão: “acredito naquilo que realizo. Minha carreira foi conduzida com absoluta verdade”. Confira:
Elenco de “A Mulher do Prefeito” (Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo)
Mais um trabalho consecutivo que você faz no gênero cômico. Fale um pouco de seu novo personagem, o prefeito Reinaldo Rangel.
É uma pessoa que se deixou iludir pelo poder. Porém, ele tem momentos de reflexão que são verdadeiros, mas está em prisão domiciliar querendo provar a todo custo sua inocência.
A série retrata principalmente questões sociais. Você acha que o público reflete melhor sobre assuntos sérios quando tratados com humor?
O humor sempre atravessou aos tempos espiando o ridículo do cotidiano. E na politica o prato é cheio, pois é habitada por uma série de personagens que acreditam no poder. A comédia permeia cada momento. Mas, também tenho cenas emocionantes com Denise Fraga, que faz minha esposa e minha filha Julia, interpretada pela Giulia Shanti.
Está prevista uma segunda temporada?
Não há compromisso para um segundo ano por ser uma história fechada.
Você está prestes a completar 50 anos de carreira. De que forma será essa comemoração?
Farei um jantar em casa ou em algum restaurante com meia dúzia de companheiros (risos).
São cinco décadas levando emoção e entretenimento ao público. Você fez uma retrospectiva dos trabalhos realizados ao longo dessa trajetória?
Não faço retrospectiva, não penso no passado. Não olho muito para o futuro. Cinquenta anos de carreira é importante, como quarenta também foram, entende? Não fico imaginando se poderia ter feito esse ou aquele trabalho.
Sente-se realizado por ter chegado até aqui numa profissão que é altamente competitiva?
Atravessei essa profissão até agora, sem ter no meu vocabulário as palavras: inveja, soberba, encantamento e deslumbramento. Nunca acreditei em glamour ou em “tapinhas nas costas”. Faço do meu ofício uma forma de sobreviver, pois acredito naquilo que realizo. Minha carreira foi conduzida com absoluta verdade. Quando saio do Projac e entro em minha casa, sou apenas o Antônio e ponto final.
Você é uma das poucas personalidades do meio artístico consciente do real oficio de ator. Fama e glamour nunca te chamaram atenção mesmo no início de sua trajetória?
Carreira para mim não é glamour ou a capa da revista, que são consequências. Meu trabalho é entender o que está por trás de um roteiro, mergulhar naquele processo.
Sua carreira é composta por muitos galãs. É uma referência que o deixa lisonjeado?
Estou numa outra esfera. Nunca pensei no tal galã, não me achava um “Apolo” (risos).
Você fica imaginando qual personagem não fez e gostaria de interpretar?
Não, eu gosto de ser surpreendido. Como fui com o projeto da série. Não sei qual será minha próxima novela. O que posso falar é que estou reservado para um projeto em 2015…
Costuma levar trabalho para casa ou desliga-se completamente dele?
Quando entro em meu carro ligo o rádio para ouvir esporte. Pra casa só levo o cansaço, de um longo dia de trabalho.
Qual foi a cena mais impactante do filme sobre Getúlio Vargas que será lançado em breve?
A reunião de ministério. Foi um encontro verídico. Tancredo foi ministro da Justiça aos 41 anos de idade apenas. Essa história está muito presente.
Foto: Zé Paulo Cardeal/TV Globo
Como se sente em ser referência no quesito educação e elegância no tratamento para com as pessoas?
É um perigo ser referência (risos)… Porque fica parecendo que meus colegas são pessoas ruins. Por exemplo, acha que o poder da mídia em que você escreve, faz de você poderosa? O que aprendi na minha casa foi sempre dizer por favor, com licença e obrigado! Passei para os meus filhos, que passaram aos meus netos.
Você é uma pessoa ligada em tecnologia? É conectado às redes sociais?
Não tenho Twitter nem facebook. Não quero isso para mim. Conectado estou com meus livros e jornais. Nada contra essas ferramentas. Quando viajo levo meu iPad. Também gosto de ficar em casa brincando com minhas cachorrinhas (risos).
Há um segredo para manter um casamento duradouro e feliz como o seu e de Lidiane?
Tenho 44 anos de casamento, e se Deus me permitir, quero completar muito mais! Isso sim é importante para mim. A frente de minha profissão está a minha vida. Lógico, foi através do meu trabalho que criei meus filhos e tiro minha sobrevivência.
Alguns dizem que a instituição casamento está falida. O que acha dessa exposição de pessoas, que casam e descasam que atinge não só a classe artística como outros setores da sociedade?
No meio artístico era muito exposto pela curiosidade das pessoas, a mídia que sempre noticia. Todos ficam sabendo que fulano casou com esse ou separou daquele… Mas isso acontece com advogados, engenheiros, médicos… Minha mãe casou-se três vezes (risos). O adultério é algo doentio, quando acontece é porque sua relação pessoal não está bem. Eu sou de uma única mulher, porque ela é o amor da minha vida! Não estou nessa profissão para ser um voyeur. Não aponto o dedo para criticar ou condenar. Cada um sabe de suas escolhas e caminhos. Que igreja, padre ou pastor pode crucificar e dizer que fulano pecou? Mas, se a relação não está boa, repense em conjunto com o outro. Nunca tive crise de afeto, Lidiane que me move na vida. Ser macho é ser homem de uma mulher só.
