Depois de alguns meses afastado das telinhas – o último trabalho foi no especial “Doce de Mãe”- Matheus Nachtergaele está de volta no papel de Seu Encolheu, em “Saramandaia”. O ator, que coleciona personagens caricatos, coleciona prêmios e o carinho do público graças a suas atuações cheias de emoção e verdade. “É assustador e ao mesmo tempo uma regalia que as pessoas gostem de mim”, revela ele.
Na nova versão de “Saramandaia”, Matheus promete, além da intensidade do personagem, efeitos especiais que devem conquistar a atenção do público. Confira a entrevista completa do ator:
Foto: Raphael Dias/TV Globo
Você é uma pessoa muito querida pelo público…
Tenho um tipo físico e emocional que faz com que eu incorpore muitos personagens de alguma forma populares e ao mesmo tempo, sempre em obras profundas. Isso faz com que as pessoas entrem numa certa intimidade comigo, parece. Então é assustador e ao mesmo tempo uma regalia que as pessoas gostem de mim. Claro que isso me bota numa posição de tentar me superar a cada trabalho e fazer um trabalho bonito para que todo mundo continue alegre e preenchido quando apareço em cena.
E seu personagem Encolheu?
É o segundo personagem de Dias Gomes que faço. Já fiz o Dirceu Borboleta em “Bem Amado” e agora o Encolheu. Dias Gomes é um dos maiores autores do teatro e TV brasileiros, profundamente político, lida com poesia e metáfora o tempo inteiro. Os personagens são muito interessantes e para os atores é sempre uma possibilidade de composição muito saborosa. “Saramandaia” foi escrita num tempo de grande censura (1976), nós não vivemos mais exatamente isso, apesar da censura ter mudado de rosto. Temos agora possibilidades tecnológicas que não tínhamos na época da primeira feitura. Acho que a novela estará modernizada dramaturgicamente, os personagens permanecem modernos como todo grande personagem e ao mesmo tempo temos a possibilidade de fazer coisas lindas para o espectador ver. Acho que vai ser uma grande surpresa o que vai ser feito em termos de efeitos especiais nas cenas.
Fale um pouco do seu personagem em “Saramandaia”.
Tenho um personagem lindo, o Encolheu. É um cara que foi atropelado por um boi e teve todos os seus ossos quebrados. Ele sente em seu corpo qualquer mudança climática. É um pouco o homem do tempo de Bole-Bole. Vive uma história de amor profunda com Redonda que vai explodir. Isso não é segredo pra ninguém, que a Redonda explodirá. É um personagem engraçado e ao mesmo tempo chegará a um momento trágico, sempre no viés do humor. Sua mulher explode de tanto que ele a ama e dá comida pra ela sem parar.
Foto: Alex Carvalho/TV Globo
Que outros trabalhos você tem planejados para 2013?
Tem o filme “Trinta”, de Paulinho Machline, uma cinebiografia do Joãozinho 30 (eu faço o personagem), com estreia prevista para outubro, um lançamento grande da Fox Filmes. Fiz o “Serra Pelada”, outro grande filme que participei, direção de Heitor Dhalia. E tem “O Sangue Azul”, foi feito em Fernando de Noronha, bem bonito, de arte, daqueles bem difíceis, do jeito que eu gosto. E tem o “Doce de Mãe”, que a gente fez o ano passado na Globo como um especial e vai virar série. A Fernanda Montenegro como mãe que envelhece e o grande dilema é quem ficará com ela. Eu faço o Fernando, filho gay. Ainda faremos mais 12 episódios este ano. Tem bastante trabalho para este ano.