Julio Machado, que interpretará o jagunço Clemente em Velho Chico, conversou com nossa reportagem e falou da troca com o talentoso Rodrigo Santoro. “Ele é um cara que eu sempre admirei. Agora eu admiro muito mais ainda. Porque é um companheiro incrível. Mesmo fazendo sucesso lá fora ele tem o pé no chão. Ele é um dos caras que mais tem o pé no chão, que eu já tive a oportunidade de contracenar. Ele é absolutamente concentrado, sereno”, relatou o ator. Confira o papo:
Foto: Renato Miranda/Globo
Como surgiu o convite para participar de Velho Chico?
“Eu havia feito uma vez um teste de elenco para fazer uma novela de Luiz Fernando Carvalho. Infelizmente não dei certo naquela época. Ou felizmente! De certa maneira fui parar nesse elenco maravilhoso devido esse teste. Foi uma experiência. O Luiz tem muita consideração em relação às pessoas que ele traz para o galpão. Mesmo que seja apenas para fazer o teste. Ele conhece. Ele ama atores. Então, ele preza muito por esse olhar, por conhecer o olhar do profissional. De certa maneira, ele me convidou para fazer esse trabalho. Eu faço uma trajetória do teatro há um bom tempo e acredito que por isso, ele que é um admirador do teatro, me chamou para Velho Chico.”
Como foram as preparações no galpão?
“A preparação no galpão é algo muito próximo do que fazemos no teatro. Essa preparação possibilitou uma comunhão entre os atores envolvidos. Convivemos e aprendemos a respirar juntos. Então, isso é muito próximo do teatro. Tivemos essa oportunidade linda de nos conhecer melhor. Eu me senti muito em casa já que eu sou oriundo do teatro.”
Como foi a composição do Clemente?
“O texto do Benedito (autor) é muito bem escrito. Vou me baseando pelo texto mesmo. É uma honra interpretar um texto do gênio Benedito Ruy Barbosa. Ele é um artista muito inspirador. O texto em si já traz toda a informação necessária para a construção do personagem em si. Evidentemente, nós vamos buscar outras coisas que não estão evidentes ali. O trabalho de preparação com o estimulo muito brilhante de Luiz Fernando Carvalho já ajuda muito a construir o personagem. O Luiz é uma pessoa muito inteligente e sabe muito bem o que quer. Ele nos motiva muito a trabalhar com o coração. Não tem receita melhor. Estou muito feliz nesse projeto.”
Como foi gravar no nordeste do Brasil?
“Gravei por 45 dias, quase dois meses no nordeste. Isso foi fundamental para nos alimentar, contribuiu para o crescimento do personagem. O nordeste é vasto, assim como o Brasil. Durante esse período lá, conheci várias pessoas generosas e tão abertas para a visita do estranho. Mesmo com as adversidades, aquele povo consegue sorrir e na simplicidade consegue transmitir muita confiança, que é um valor muito raro nos dias atuais. Foi um encontro com a brasilidade, com o povo brasileiro. E o sentido do que a gente faz. Que é a tentativa de tocar o coração das pessoas.”
Pode adiantar um pouco do Clemente?
“Ele é um jagunço do coronel Afrânio, personagem do Rodrigo Santoro. Antes disso, ele era jagunço do coronel Jacinto, que é o pai de Afrânio. E o Afrânio vive uma vida em Salvador (Bahia). Ele é um estudante de direito, está em outro movimento. Ele não está interessado em ser coronel. E, cabe o meu personagem empurrar ele para frente e de fazer agarrar o destino dele com as mãos.”
Foto: Caiuá Franco/Globo
E a troca com o Rodrigo Santoro?
“Foi maravilhoso essa troca com o Rodrigo. Ele é um cara que eu sempre admirei. Agora admiro mais ainda, porque é um companheiro incrível. Mesmo fazendo sucesso lá fora ele tem o pé no chão, é um dos caras que mais tem o pé no chão que eu já tive a oportunidade de contracenar. Ele é absolutamente concentrado, sereno. Mesmo com a quantidade de cenas que tinha, nunca perdeu a paciência, a tranquilidade. Olhar generoso e sereno sempre estava ali, é um grande ser humano.”
Além da trama, você tem outros projetos?
“Eu volto a fazer a peça Incêndios, que é um espetáculo com a Marieta Severo. Iremos fazer uma turnê por algumas cidades do país e logo depois, rodo um longa-metragem. Eu tenho uma série de projetos, graças a Deus!”
O que podemos esperar de Velho Chico?
“Uma história de amor muito comovente. Sem falar no que é a trama em si. Tudo isso dentro de uma atmosfera extremamente brasileira. Tenho certeza que o público irá amar.”
A Rede Globo fez 50 anos em 2015. Tem algum personagem da dramaturgia da emissora que você gostaria de ter interpretado?
“Que pergunta difícil. Eu acho que é uma pergunta muito complicada porque são 50 anos de uma empresa que possibilita a reunião de grandes artistas e grandes histórias foram contadas. Eu prefiro pensar ao longo da minha vida em relação a essa pergunta. É uma boa pergunta que você me fez. Eu vou levar para a vida. Não me arrisco a responder.”
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