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Bicicletas são alternativas baratas e rápidas de transporte e têm direitos garantidos por lei
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Entrevista com o cicloativista Willian Cruz

Bicicletas são alternativas baratas e rápidas de transporte e têm direitos garantidos por lei

Vá de bike!

Foto: Thinkstock/GettyImages

Num país onde o índice de automóveis cresce a cada ano, a bicicleta tem alçançado grandes adeptos por ser indicada como o melhor veículo para pequenas distâncias. Segundo dados da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), cerca de 15 milhões de brasileiros usam a bike para ir ao trabalho ou à escola.

Mas a experiência no dia a dia requer alguns cuidados, e pensando nisso o cicloativista Willian Cruz criou o site Vá de Bike para comentar sobre o papel do ciclista no trânsito e a importância dos mostoristas respeitarem esse espaço.

Papo Feminino: Desde quando você mantém o blog e por que decidiu criá-lo?

Willian: Desde 2002. Conforme fui experimentando a bicicleta na rua e vendo o que dava certo e o que não dava, decidi passar essa experiência através dele aos ciclistas iniciantes. A frequência dos textos foi aumentando e fui agregando conteúdos relacionados a iniciativas públicas e privadas de incentivo ao uso da bicicleta, eventos, ações e reflexões sobre a cultura de uso do automóvel.

Papo Feminino: Nesse período, conseguiu perceber um aumento da conscientização dos motoristas com ciclistas?

Willian: Sim, sem dúvida. O respeito ao ciclista nas ruas hoje é muito maior que há dez anos, quando comecei a utilizar a bicicleta nas ruas. Nesse ano mesmo já tivemos uma melhora enorme em relação ao ano passado. Tem melhorado constantemente e essa melhora tem inclusive se acelerado. Há uma conscientização cada vez maior de que a bicicleta tem direito de circular na rua e sobre os comportamentos dos motoristas que possam colocar em risco o ciclista.

Papo Feminino: Num país no qual a bicicleta é usada por tantas pessoas todos os dias como meio de transporte, que motivos você já conseguiu identificar para o descaso das autoridades em relação à educação para o trânsito de bicicletas?

Willian: O principal é que as pessoas inseridas no poder público legislam e executam sob a ótica em que vivem, que é a de dentro do carro. É difícil para quem apenas dirige se imaginar em cima de uma bicicleta e, quando não há diálogo, não é possível conhecer a fundo as necessidades e dificuldades dos ciclistas. Outro motivo é que em muitos casos o poder público atua para agradar os chamados “formadores de opinião”, que é a classe média que dirige, acreditando que assim melhoram sua imagem como figuras públicas e poderão ter desempenho melhor nas próximas eleições.

Papo Feminino: Sempre vimos campanhas voltadas para o motorista (não beba, não corra, não ultrapasse em faixa contínua…) e, recentemente, aumentou a fiscalização quanto ao respeito ao pedestre e aos direitos de usar a faixa. O próximo passo é cuidar melhor de nossos ciclistas?

Willian: Uma campanha de conscientização sobre o direito de circulação das bicicletas e sobre como o motorista deve tratar os ciclistas nas ruas é algo que os cicloativistas pedem há anos. O motorista que coloca em risco o ciclista é geralmente aquele que não aceita dividir a rua com uma bicicleta, acreditando muitas vezes que ela não tem direito de circular por não pagar IPVA. Ora, IPVA é um imposto para ter um veículo automotor, não para permitir o uso do espaço público. O espaço público é de todos e o Código de Trânsito garante esse direito de circulação. Outra parcela dos motoristas até aceita a presença da bicicleta, mas não percebe que certos comportamentos colocam em risco a vida do ciclista, como ultrapassar a uma distância muito pequena ou fechá-lo para virar em uma rua.

Neste vídeo, o cicloativista William Cruz comenta o papel e a importância das pessoas no trânsito.

Papo Feminino: Ciclovias são as melhores soluções para um trânsito mais seguro para quem vai de bike?

Willian: Nem sempre. Não há espaço viário para colocar ciclovias em todas as ruas de uma cidade. A ciclovia também pode ter um efeito colateral danoso, que é propagar a falsa ideia de que a bicicleta deve circular apenas nela, como um trem precisa de uma ferrovia. O ciclista precisa chegar na ciclovia e, nesse momento, precisa de respeito nas ruas. Por isso o respeito deve ser a base de tudo. Ciclovias são importantes em grandes avenidas, para proteger fisicamente o ciclista dos veículos em alta velocidade, mas precisa ser muito bem planejada para não colocá-lo em risco nas intersecções, onde a prioridade deve ser da bicicleta, sempre (como é feito lá fora).

Papo Feminino: O que significa, pra você, ser um cicloativista?

Willian: Alguém que não se conforma com o preconceito e as injustiças com quem optou pelo uso da bicicleta, luta contra isso e faz valer seus direitos.

Papo Feminino: Há apoio à causa por parte dos órgãos responsáveis?

Willian: O apoio sempre foi tímido. Aqui em São Paulo, tínhamos apoio apenas da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente. De alguns anos para cá, a Secretaria de Esportes passou a nos apoiar e, mais recentemente, a Secretaria de Transportes também iniciou um posicionamento bastante coerente e favorável. As coisas estão melhorando. Em nível estadual, a Secretaria de Transportes Metropolitanos, CPTM e Metrô têm apoiado em níveis variados. A bicicleta é um fato, ela já circula e seu uso aumenta a cada dia, não há como fechar os olhos a isso. Esses cidadãos precisam ter seus direitos e sua segurança garantidos pelos órgãos públicos.

Papo Feminino: O que falta para a bicicleta ser a escolha de mais pessoas como principal veículo de transporte?

Willian: Respeito. E isso só vai se conseguir com campanhas de conscientização de motoristas e fiscalização e punição a quem coloca a vida de ciclistas em risco. Não são bicicletas ocupando o lugar dos carros, são pessoas se deslocando em outro tipo de veículo. Gente com família, filhos, amores, que merecem ser tratadas como pessoas, não como estorvo. É essa a nossa luta.

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