Os cristãos, assim como os judeus, alegam que Deus é um ser espiritual, além de ser onipotente. Mas onipotência implica em imaterialidade. Ou seja: Ele existe sem um corpo. Logo, não possui características humanas físicas.
Porém, a Bíblia Sagrada é recheada de antropomorfismos: “E os egípcios saberão que eu sou o Senhor, quando estender a minha mão sobre o Egito” (Êxodo 7:5); “Os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os Seus ouvidos atentos ao seu clamor” (Salmos 34:15); “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo sopro da Sua boca” (Salmos 33:6). Estas são apenas algumas passagens que exemplificam a linguagem figurativa utilizada nas Escrituras. E duas passagens surpreendentes teriam dado vislumbres sobre o que poderia ser a aparência real de Deus.
Ambas foram reveladas em visão, sendo a primeira delas ao profeta Ezequiel, que descreve no livro homônimo, capítulo 1 e versículos 26 – 28: “E por cima do firmamento, que estava por cima das suas cabeças, havia algo semelhante a um trono que parecia de pedra de safira; e sobre esta espécie de trono havia uma figura semelhante à de um homem, na parte de cima, sobre ele. E vi-a como a cor de âmbar, como a aparência do fogo pelo interior dele ao redor, desde o aspecto dos seus lombos, e daí para cima; e, desde o aspecto dos seus lombos e daí para baixo, vi como a semelhança de fogo, e um resplendor ao redor dele. Como o aspecto do arco que aparece na nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto do resplendor em redor.”
O outro “felizardo” teria sido o apóstolo João, que no livro de Apocalipse 1: 14 – 16, diz: “E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; e os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece.”
Pelas visões, a imagem do Deus israelita parece ser inimaginável – e até assustadora – para ser vista por um simples homem mortal e pecador. Tanto que os dois personagens tiveram que usar uma linguagem simbólica para descrever aquilo para o qual a linguagem humana não tem palavras, ou seja, “semelhante, como a aparência”, “como o aspecto”, e etc.
A grande dificuldade em compreender a verdadeira “aparência” de Deus está associada ao versículo 26 do primeiro capítulo de Gênesis: “Façamos o homem à nossa imagem e semelhança”. Afinal, temos ou não uma identidade equivalente à do Criador? A justificativa da Teologia é que, ter a “imagem” e “semelhança” refere-se à parte imaterial do ser (alma e espírito), e não à material (carne e sangue). Deus teria, então, não somente originado o homem, como também o separado do mundo animal para dominar sobre o restante da criação e ter comunhão com Ele. Portanto, a afinidade restringiria-se apenas aos campos moral e mental.
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