Os casos de possessões demoníacas em pessoas são as formas mais comuns da ação do mal. Contudo, não são as únicas. Ou seja, existem outras maneiras de tais seres agirem, conforme o catolicismo. “A ação do demônio pode ocorrer em lugares, objetos ou animais. Isso é chamado de infestação”, explica o padre doutor Rubens Miraglia Zani, exorcista da diocese de Bauru, São Paulo.
Em algumas situações, uma infestação pode ser percebida devido a manifestações pouco comuns que podem acontecer em lugares como casas, sítios e fazendas. Nesses locais, são notados ruídos estranhos, cheiros e até barulhos que surgem inesperadamente. Esses tipos de manifestações incomuns podem continuar de uma maneira constante ou até mesmo crescente. “Você entra em um lugar e se sente mal. Acontecem coisas estranhas, como a movimentação de objetos, o surgimento de doenças”, lembra o padre Zani.
Malefícios
No caso de infestações em objetos, ocorre algum tipo de desconforto sobre o local e as pessoas que nele estão presentes. Quem já viveu algo parecido, em que havia uma infestação diabólica em um objeto, presenciava malefícios como uma maior quantidade de brigas entre a família ou amigos, por exemplo. Os indivíduos também podem sofrer ilusões ou alucinações.
Uma infestação acontece quando forças espirituais negativas são lançadas por meio de uma maldição, contra um local como uma casa, um lar, entre outros. “Esse tipo de ação é intencional”, ressalta o padre Zani, lembrando que inclusive imagens de santos podem ser acometidas por uma infestação. “Dão pra você uma imagem bonita, porém, está amaldiçoada”. Geralmente, a infestação em lugares acontece porque no local foi realizado algum tipo de ritual satânico, ou a prática de crenças relacionadas ao ocultismo e evocação de mortos.
Pouca frequência
As infestações também podem acontecer em animais, que enfraquecem ou começam a apresentar comportamentos estranhos. Contudo, os casos em objetos e em animais são raros. Isso porque os demônios, ao buscarem se instalar em algum ser vivo, preferem aqueles que sejam mais avançados intelectualmente, ou seja, os humanos. Além disso, uma infestação diabólica sobre algum lugar, objeto ou animal não provoca a possessão nas pessoas que vivem neste local ou tenham contato com eles.
Ou seja, não existe uma forma de transferência do demônio de um objeto para uma pessoa. Em rituais de exorcismos, há orações próprias voltadas a lugares que possam estar sendo atingidos por uma infestação diabólica. No catolicismo, o livro Ritual de Exorcismos e Outras Súplicas possui instruções e orações voltadas para esta prática e prevê maneiras de realizar a expulsão de tais entidades demoníacas de locais e objetos.
Na visão da umbanda
No livro Os Arquétipos da Umbanda, o autor e médium Rubens Saraceni explica que são realizados trabalhos, ou seja, a manipulação de energias, visando descargas ou despachos de forças negativas em campos de onde originaram, ou seja, na natureza. Realizados por guias espirituais, na ocasião, são ofertadas oferendas para os orixás, que são as entidades invocadas. Os rituais são praticados à beira-mar, em cachoeiras, rios, lagos, bosques, matas, montanhas, encruzilhadas e porteiras, entre outros locais.
Na Umbanda, a magia é uma integração do ser com a criação, em harmonia e equilíbrio com todas as criaturas. Em outra obra de Saraceni, intitulada Código de Umbanda, o autor explica que é fácil apossar-se de um processo mágico, mas difícil livrar-se dele após os primeiros contatos e trocas de energias. Pois, quando o magista fugitivo tenta abandoná-lo, o processo volta-se contra ele ou passa a alimentar-se de suas energias humanas, espirituais e mentais.
O Ritual de Umbanda Sagrada recomenda alguns procedimentos mágicos, mas nunca sua apropriação indébita, porque o magista precisa ser conduzido por um mestre pessoal. Quanto à utilização de instrumentos mágicos, não existe regra para a Umbanda, pois cada médium magista traz consigo potenciais distintos que podem ser utilizados.
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Consultoria: Rubens Miraglia Zani, padre exorcista da diocese de Bauru (SP).
Texto: Ricardo Piccinato e Érica Aguiar