No dia 16 de janeiro, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o registro do primeiro remédio feito à base de maconha. Além da utilidade medicinal, as propriedades da Cannabis Sativa são variadas e a planta pode ser usada como matéria-prima. Durante milênios, as drogas foram utilizadas para fins festivos, terapêuticos e sacramentais. A referência da droga como fonte de prazer, recurso de aplicação médica e farmacêutica provém da Antiguidade.
De acordo com o professor Luciano Gomes, da Faculdade Arnaldo Janssen de Belo Horizonte, o uso das drogas durante séculos foi o instrumento de contato com as divindades, funcionando como mediação entre a realidade conhecida e uma possível vida prometida. Ele conta que recorrer às substâncias psicoativas foi, em diversas culturas, o meio encontrado para associar o mundo real às divindades e aos mortos. Cita também um exemplo de como as drogas adquiriram seu espaço nas atividades humanas e, aos poucos, foram se popularizando por causa de seus efeitos.
“Podemos citar o exemplo de uma tribo de pigmeus do centro da África, que saiu para caçar e observava o estranho comportamento de javalis que experimentavam uma determinada planta. Os javalis ficavam mansos e andavam desorientados. A consequência foi que um pigmeu resolveu experimentar a planta e gostou da experiência e recomendou para outras tribos. O curandeiro da comunidade acreditou que havia dentro da planta uma divindade e passou a venerá-la”, conta o professor, lembrando que depois disso os nativos elaboraram diversos ritos em torno da planta.
A árvore então foi denominada de Tabernantheiboga, ou simplesmente iboga, e utilizada para fins lisérgicos em celebrações, com adeptos no Gabão, Angola, Guiné e Camarões há cinco mil anos compactado. Depois de milênios de uso, drogas como o ópio e a maconha foram proibidas pela maioria dos governos do mundo.
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Texto: Redação Edição: Angelo Matilha Cherubini
Consultoria: professor Luciano Gomes, da Faculdade Arnaldo Janssen de Belo Horizonte