Coma isso, beba aquilo, vista essa peça, vá àquele lugar… A quantidade enorme de propaganda com a qual somos bombardeados diariamente está sempre dizendo o que devemos fazer. Não há nenhum problema nisso, já que o conceito é bem claro: fazer com que determinado produto ou serviço seja adquirido. Porém, há quem acredite que, por trás dos anúncios, mensagens subliminares influenciam o inconsciente e, consequentemente, a tomada de decisões do consumidor. Você estaria, portanto, sendo manipulado toda vez que vai ao caixa?
De maneira geral, as mensagens subliminares são extremamente poderosas em provocar alterações de comportamento. O especialista em neurociência Felipe Veigas destaca como exemplo os estudos da década de 1990 que indicaram que pessoas apresentadas a palavras com conotação rude são mais propensas a interromper um determinado experimentador; em contrapartida, pessoas pré-ativadas com palavras educadas foram menos propensas ao ato.
O que a ciência conseguiu avançar nos estudos até hoje é sobre como as mensagens subliminares podem motivar o consumo quando o indivíduo está sob efeito direto de privação – por exemplo, com sede e fome. Ou seja, ele tende a consumir aquilo que está sendo privado.
“Isso significa que podem haver fatores situacionais que aumentem a sensibilidade da eficácia, por exemplo, quando o indivíduo está desejando consumir determinado produto, quando comparado àqueles que não estão com este mesmo desejo”, afirma a psicóloga Jéssica Vicentini.
Outro fator que é levado em consideração por alguns cientistas sobre a influência na percepção subliminar são os traços de personalidade. Pode ser que algumas pessoas sejam mais sensíveis a algumas mensagens subliminares do que outras. “Se nós responderemos ou não às mensagens é algo que foge do controle de quem entende a mensagem e está sujeito a uma série de outros fatores subjetivos, como a pré-disposição de uma pessoa ao consumo”, pontua Felipe.
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Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Felipe Rodrigues Veigas, especialista em neurociência e professor na Universidade do Oeste Paulista – Unoeste, em Presidente Prudente (SP); Jéssica Elias Vicentini, psicóloga especialista em neuropsicologia