Por meio de cachimbos muitas vezes improvisados, feitos de tubos de PVC ou de alumínio, os usuários de crack inalam, sem qualquer filtro, uma grande quantidade de fumaça liberada da queima da droga. Apesar de fortes a longo prazo, os efeitos são quase instantâneos, fazendo com que os usuários queiram a repetição deles por mais tempo. Mas por que a substância vicia de forma tão rápida e devastadora?
Sistema de recompensa
Sonia Regina Solano Paes Breda, neuropsicóloga especialista em dependência química, explica que, “no cérebro, as substâncias químicas do entorpecente são absorvidas e liberam dopamina e adrenalina. Esses neurotransmissores proporcionam uma sensação de prazer e confiança ao usuário, mas essa sensação prazerosa dura apenas cinco minutos e, em curto espaço de tempo, ele sente a necessidade do novo consumo”. Assim é que se inicia o vício: imperceptível, pelo desejo de que o prazer das sensações imediatas se repita.
O usuário se torna dependente desses efeitos e, para que essas sensações não se dissipem, ele busca fumar uma pedra atrás da outra, sem perceber. Como os efeitos são passageiros, o usuário logo entra em um ciclo de dependência. O crack, então, vicia, e passa a se tornar uma necessidade. “O crack é uma droga altamente viciante. Ele altera quimicamente uma parte do cérebro chamada ‘sistema de recompensa‘, onde se encontram os neurotransmissores responsáveis pelo prazer. A intensa sensação de prazer é um fator que causa a rápida instalação da dependência”, relata Sonia.
Bomba que vicia
Com rápida absorção, prazeres passageiros e potencial devastador sob o organismo, o crack funciona como uma verdadeira bomba para o corpo do usuário. Isso se dá, sobretudo, pela grande velocidade e potência com que as substâncias da droga chegam aos pulmões e, posteriormente, ao cérebro. “As substâncias vindas da fumaça do crack entram na corrente sanguínea através dos pulmões, se espalham por todo o corpo e chegam ao cérebro em dez segundos”, esclarece a neuropsicóloga.
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TEXTO Andrey Seisdedos EDIÇÃO Thiago Koguchi CONSULTORIA Sonia Regina Solano Paes Breda, neuropsicóloga especialista em dependência química