Mais um vídeo viralizou no TikTok e iniciou debates importantes. Dessa vez, quem ficou encarregada por protagonizar a cena foi uma criança, que, vestida de daminha de honra, entrava no casamento muito insatisfeita e, ao jogar as flores, disse “meu pai e minha mãe me obriga”. Ou seja, ela provavelmente não queria estar naquela função, viu?
@dra.andrea.ladislau Insatisfações das crianças que também devem ser levadas em conta. Criança sincera? ♬ som original - Andréa Ladislau Psicanalista
Apesar de a reação espontânea e sincera da menina ter virado um meme, os comentários do vídeo não passaram despercebidos. Enquanto alguns internautas repreendiam a atitude da daminha, dizendo que “os pais deveriam impor limites”, outros chamavam a atenção para a importância de ouvir as crianças — afinal, ela não parecia feliz estando ali, desempenhando esse papel.
A situação em questão chegou até a psicanalista Andréa Ladislau, que comentou o caso através de análises do comportamento humano. Segundo ela, ao considerar tudo o que foi comentado — e sem juízo de valor, já que o contexto inteiro não é conhecido — é quase impossível não refletir sobre o posicionamento da menina. E isso inclui dois lados: a imposição de limites e a escuta de escolhas.
Colocar limites X respeitar decisões
“É claro que toda criança precisa de limites, regras e rotinas. O respeito, o caráter, a honestidade e os valores são fundamentais para que ela também compreenda que nem tudo é permitido, e que, em muitos momentos da vida, ela não vai ter o que deseja. Vai se sentir frustrada sim e está tudo bem”, pontua a especialista.
Em contrapartida, Andréa chama atenção para a importância de escutar os filhos. Ainda que nem tudo possa ser negociável entre os pequenos e seus responsáveis, ela ressalta os benefícios da escuta, como o aprendizado e autoconhecimento, sobretudo dos sentimentos.
“Permitir que a criança se expresse e possa desfrutar de um diálogo respeitoso, facilitará a comunicação e abrirá caminhos para uma melhor compreensão do que possa ser correto, aceito ou não, ao longo de sua trajetória de vida. Do contrário, teremos uma infância marcada por infinitas castrações, tendendo a gerar indivíduos amargurados, introspectivos, submissos ou até mesmo, motivados por traumas psíquicos na fase adulta”, conclui a psicanalista.
Logo, a situação da 'daminha sincera' serve como reflexão para pais, responsáveis e cuidadores: mesmo não sendo possível aceitar ou ceder, não custa ouvir o que os pequenos têm a dizer, viu?!
Fonte: Andréa Ladislau, psicanalista.
