Há pouco mais de três anos, entrou em vigor a lei que obriga escolas e clubes a adotarem medidas de prevenção e combate ao bullying. Ela determina que seja feita a capacitação de docentes e equipes pedagógicas para solucionar o problema, assim como a orientação da família. Também estabelece que sejam realizadas campanhas educativas e assistência psicológica, social e jurídica às vítimas e aos agressores. Em entrevista, a psicóloga Maria Tereza Maldonado esclarece várias dúvidas sobre esse tipo de violência que virou tema do seu livro Bullying e cyberbullying – O que fazemos com o que fazem conosco?, da Editora Moderna.
Como identificar o bullying e o cyberbullying?
“O bullying se caracteriza por padrões repetitivos de ataques físicos ou psicológicos, tais como exclusão, apelidos depreciativos, intimidação, ameaças. O cyberbullying é essa prática, mas utilizando meios eletrônicos (redes sociais, por exemplo)”.
O bullying sempre existiu e, de uns tempos para cá, é tratado com mais relevância. Por que isso aconteceu?
“Antes o problema era visto como brincadeira de crianças, que deveria ser resolvido entre elas. Depois, percebeu-se que se trata de um padrão de agressão que pode se tornar crônico e afetar relacionamentos na família e, mais tarde, no trabalho”.
Como os pais devem orientar seus filhos que sofrem bullying na escola?
“É preciso esclarecer a diferença entre brincadeiras e agressão, liberdade de expressão e mensagens de ódio e posturas preconceituosas, estimulando o bom convívio com as diferenças e a aprendizagem de resolução de conflitos. É importante também colocar limites e consequências, tais como reparação de danos”.
O que fazer para que o bullying não interfira no comportamento da criança?
“Há recursos a serem desenvolvidos por quem sofre bullying: encarar o problema como oportunidade de desenvolver novos recursos de ação, tais como assertividade, e a reflexão de que tipos de conduta podem facilitar que ela seja escolhida como alvo, medidas de autoproteção e ampliação de sua rede de apoio. Algumas pessoas ficam traumatizadas, outras se transformam em autores de bullying e há quem se fortaleça ao encarar o problema”.
Como ensinar as crianças a se defenderem?
“Devemos mostrar que temos escolhas de caminhos a seguir. Vamos dar poder a alguém que nos deixa arrasados e com baixa autoestima? Vamos sofrer calados ou vamos buscar maneiras eficazes de ajuda? Vamos nos isolar mais ainda ou pensar em maneiras de nos fortalecermos e buscar recursos que nos permitam sair dessa situação?”
Fale um pouco sobre o seu livro. Qual é o objetivo dele?
“Escrevi esse livro para adolescentes, famílias e equipe escolar, com exemplos práticos de bullying e cyberbullying e sugestões para lidar com isso. Há um capítulo que apresenta o passo a passo da construção de um programa de prevenção ao bullying e ao cyberbullying, que pode ser adaptado a diversos contextos das escolas e que enfatiza a importância de envolver os alunos, toda a equipe escolar e as famílias”.
Consultoria: Denise Dias, terapeuta infantil//Texto: Carolina Brito
VEJA TAMBÉM:
- Como usar a internet para auxiliar nos estudos dos filhos?
- Manual do Mundo: 15 experiências para fazer com os filhos nas férias!
- Aumento dos casos de bronquiolite em crianças preocupa especialistas!