Se os sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) aparecerem com frequência e em diferentes ambientes, procurar um especialista para diagnosticar em detalhes o que pode estar acontecendo com seus neurotransmissores é muito importante. “Deve-se esperar do psiquiatra infantil uma longa e detalhada conversa sobre a vida da criança e de sua família, buscando entender suas dificuldades, rotina e motivações”, comenta o psiquiatra Thiago Vieira.
Se a procura por tratamento não for realizada enquanto criança, há possibilidades de tratamento também em outras fases da vida. “O tratamento em adolescentes ou adultos segue o mesmo padrão do tratamento infantil. Não é mais difícil e é tão eficaz quanto em crianças”, explica Thiago. O psiquiatra enfatiza, ainda, que o tratamento deve ser adotado com a maior brevidade possível, pois se a pessoa chegou até a adolescência ou idade adulta sem tratamento, provavelmente teve muitos prejuízos acumulados ao longo da vida e, por isso, as consequências da doença podem ser bastante marcantes.
Tratamento multidisciplinar
O tratamento para TDAH envolve uma abordagem terapêutica múltipla de profissionais com diferentes formações. O neuropsicólogo Clay Brites explica que “o tratamento é multidisciplinar e depende da idade, da intensidade dos sintomas e dos prejuízos. Deve envolver ações medicamentosas, psicocomportamentais, psicoeducativas e intervenções remediativas em caso de problemas motores e de linguagem associadas”.
Para o psiquiatra Thiago Vieira, o tratamento medicamentoso deve ser receitado com cautela, acompanhamento minucioso e monitoramento periódico. “As medicações para tratamento do TDAH são usualmente bem toleradas e com poucos efeitos colaterais, quando existem. No entanto, algumas crianças têm, sim, efeitos indesejáveis que limitam o uso continuado de uma ou outra medicação. A vantagem é que os efeitos colaterais são todos passageiros com a suspensão da medicação e, por isso, o uso pode ser feito sem grandes riscos, mesmo quando não se sabe sua sensibilidade para determinado remédio”, explica.
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Texto: Jéssica Pirazza/Colaboradora – Entrevistas: Carolina Firmino – Edição: Augusto Biason/Colaborador
Consultorias: Clay Brites, professor do curso de pós-graduação de Neuropsicologia Aplicada à Neurologia Infantil e pesquisador do Laboratório de Dificuldades e Distúrbios da Aprendizagem e Transtornos de Atenção (Disapre), na UNICAMP, em Campinas (SP); Thiago Blanco Vieira, mestre em Psiquiatria e Psicologia Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).