A mentira é tão utilizada que o seu sentido tende a perder a conotação negativa. Parece que o ser humano tem um “dom inato” para ocultar ou dissimular a verdade. “É uma conduta que faz parte dos comportamentos sociais, tendo um papel importante na evolução da espécie”, afirma Vera Ramalho, psicóloga. Para a especialista, falsidade há muita, por exemplo, os falsos elogios, do tipo: “Esse corte de cabelo fica muito bem em você”, passando pelas desculpas esfarrapadas “não te liguei mais cedo porque fiquei sem bateria no celular”. O ser humano a usa para obter vantagem, fugir das responsabilidades, esconder algo errado ou evitar desagradar, ou ainda para seduzir ou impressionar, para exibir um falso “status” social, entre outras.
Sem limites
Quando a mentira é dita de uma forma compulsiva, torna-se uma patologia grave, designada de Mitomania. Essas pessoas sabem que estão mentindo, mas não conseguem se controlar e, em alguns casos mais extremos, acreditam nas suas falsas verdades e passam a viver num mundo irreal que acabam criando. Para Vera Ramalho, a mitomania vai além da mentira compulsiva. Inclui uma variável diferente: a pessoa acredita nas suas mentiras e vive em função disso. Constrói fantasias e acredita nelas. O mentiroso compulsivo é crítico em relação à sua mentira, o mitomaníaco acredita no que faz e diz e não é fácil rebater a sua ‘invenção’ pelo confronto direto ou argumentação lógica.
Como pegar um mentiroso?
Apesar de John Larson ter inventado o detector de mentiras, não precisa ter um para descobrir se está sendo enganada. Basta estar atenta a alguns sinais exteriores que lhe permitem identificar a mentira:
- A pessoa que mente adquire uma expressão corporal mais descontraída quando você muda de assunto;
- Movimentos nervosos com os pés ou as mãos;
- Falar muito depressa ou muito devagar;
- Fazer pausas e usar “hm” e “ah”;
- Alterações na voz ou rosto excessivamente corado;
- Dificuldade em manter o contato visual. Ela fica olhando para outras direcções;
- Ficar distante do interlocutor. É comum recorrerem ao humor e ao sarcasmo para aliviar as preocupações do interlocutor.
Quando a verdade vem à tona…
A tendência é que a mentira seja descoberta e então a imagem da pessoa que mentiu pode mudar radicalmente. Ela passa a ser vista com desconfiança e perde totalmente a credibilidade que tinha com as pessoas de seu convívio. Resolver essa situação, vai depender da mentira que foi contada. “Se falamos em mentira instrumental (para contar vantagem ou obter ganhos), a pessoa acaba envergonhada e repreendida”. No entanto, é possível reverter a situação e voltar a ganhar a confiança dos outros. Para isso, é preciso demonstrar que mudou e que quer ser diferentes. É fundamental demonstrar por meio de ações essas mudanças.
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Consultoria Vera Ramalho, psicóloga