Ficar muito tempo sem dormir não provoca apenas cansaço físico, mas também severo desgaste mental – algo que afeta, inclusive, a capacidade de memorização. “Sono insuficiente ou fragmentado resulta em sonolência diurna e alteração comportamental, além de prejuízo na atenção, memória e velocidade de raciocínio”, alerta a especialista Silvana Frizzo.
Déficit de memória
Engana-se quem pensa que, durante o sono, o cérebro permanece desligado. Na verdade, ele está apenas trabalhando em um ritmo mais lento, de modo a armazenar e reorganizar as informações mais relevantes recebidas ao longo do dia. Para tanto, são especialmente utilizados os neurônios da região conhecida como hipocampo.
A formação das memórias ocorre, sobretudo, em um estágio do sono classificado pelos cientistas como REM (sigla em inglês para rapid eye movement, ou movimento rápido dos olhos, na tradução), que também está diretamente relacionado aos sonhos. “Principalmente nesse período, ocorre uma limpeza mais significativa dos circuitos cerebrais”, confirma o neurocirurgião Eduardo Barreto. Aos estudantes que, pensando nas provas e trabalhos, passam as noites em claro no final do semestre, fica o alerta: “De nada adianta deixar de dormir para cumprir tarefas e adquirir conhecimento”, lembra o especialista.
Dormir é preciso!
A verdade é que o corpo como um todo sente o impacto negativo da insônia. “A falta ou diminuição de uma fase do sono pode despertar ansiedade, por afetar uma área do cérebro denominada hipotálamo, provocando, inclusive, um desequilíbrio nos centros reguladores de apetite. Se o hipotálamo não funciona direito, isso prejudica também a hipófise (glândula localizada na base do crânio), levando a sintomas como sudorese, taquicardia, depressão e até o funcionamento inadequado da bexiga e do intestino”, complementa o neurocirurgião.
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Texto: Marcelo Ricciardi/Colaborador – Edição: Victor Santos
Consultorias: Eduardo Barreto, neurocirurgião membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, da Sociedade Brasileira de Coluna e da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor; Silvana Frizzo, neurologista da clínica Medprimus, em São Paulo (SP).