Você está deitado no sofá, assistindo a um daqueles programas chatos da madrugada. Exceto o som da televisão, o silêncio reina na vizinhança. Está cada vez mais difícil se manter acordado, até que um barulho qualquer, vindo dos fundos da casa, faz você ficar desperto. De repente, o coração dispara, a respiração acelera, as mãos gelam e você começa a imaginar o que teria causado o estrondo. Ao olhar para o quinal, você percebe que o barulho foi causado por um gato trapalhão que derrubou um pequeno vaso.
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Entretanto, o estrondo causado pelo recipiente quebrado gerou um medo tão intenso que você temeu pela sua vida e reagiu como se ela estivesse em perigo — apesar de este risco ser apenas imaginário. Mas o que seria essa reação tão intensa?
Definindo
O medo é um sentimento inconsciente e natural de praticamente todos os animais, sendo de extrema importância para a sobrevivência de cada espécie — sem ele, por exemplo, talvez os humanos estivessem extintos. “Ele nos dá a proteção e nos faz reagir e lutar ao que é desconhecido ou que nos traz apreensão”, revela a psiquiatra Sofia Bauer. Alguns especialistas, inclusive, indicam que esse foi o primeiro sentimento conhecido pelo ser humano.
Os medos podem ser adquiridos por situações reais que vivemos ou aprendidos por casos imaginários (obras no nosso inconsciente, como no caso do “monstro” do vaso quebrado). “Os circuitos neurológicos do real e do fantasioso são os mesmos. Tendo algo acontecido realmente ou somente na imaginação, eles podem gerar respostas de igual proporção”, explica o coach William Ferraz. Além disso, ele pode ser herdado de outras pessoas, na maioria de vezes, de quem representa autoridade para nós, como nossos pais.
A verdade é que nem sempre sabemos a verdadeira causa de um determinado medo. A pessoa pode nem lembrar como ou onde aprendeu aquele temor e, mesmo assim, ter ele no inconsciente. “São muitos os fatores que podem estar relacionados ao medo, sendo alguns dos principais traumas e crenças (coisas que aprendemos como certo desde cedo)”, explica o especialista.
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Consultorias: Sofia Bauer, psiquiatra, especialista em psicanálise, hipnoterapia ericksoniana e psicologia positiva, e autora dos livros Manual de Hipnoterapia Avançado e Técnicas Psicossensoriais e Cartilha do Otimismo (Wak Editora); William Ferraz, master coach especialista em inteligência emocional, no Instituto IDEAH, em São Paulo (SP), master practitioner e advanced trainer em programação neurolinguística PNL.
Texto e edição: Augusto Biason/ Colaborador – Entrevistas: Jéssica Pirazza/ Colaboradora
