Nem sempre a acumulação compulsiva teve uma definição própria. Até a quarta edição do Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais, esse distúrbio era visto como um sintoma do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Foi apenas na quinta e mais recente versão do guia psiquiátrico que os critérios de identificação do distúrbio ganharam destaque.
Já referido por especialistas como Síndrome de Diógenes ou Disposofobia, atualmente é tratado como Transtorno de Acumulação. E, dentre as definições básicas, como a resistência em se livrar de objetos mesmo que não tenham um valor sentimental e a acumulação excessiva (presente em cerca de 80% a 90% dos casos, como mostra o DSM-5), também se encontram características relacionadas ao autoconhecimento da disfunção por parte do paciente.
Insight bom ou razoável: a pessoa reconhece a acumulação compulsiva como algo problemático.
Insight pobre: o paciente, mesmo com evidências comprovando o oposto, não vê a acumulação como um problema.
Insight ausente: nessa situação, o acumulador compulsivo acredita plenamente que seus comportamentos não são um contratempo.
Difícil admitir
Outro sinal marcante do Transtorno de Acumulação é a oposição que o indivíduo apresenta em admitir que tem o distúrbio, mesmo que todos ao seu redor já tenham percebido. Isso faz com que, na maioria das vezes, o primeiro contato com um psiquiatra ou psicólogo seja por meio de familiares ou amigos. A consultora em organização Yolanda Hollaender esclarece que o acumulador “tem vergonha de se expor com medo de ser criticado e rejeitado, o que lhe causa muito sofrimento”. A tendência, segundo a especialista é “não manter uma vida social ativa, tornando-se reclusa, na maior parte do tempo”.
A acumulação é um reflexo da idade?
Apesar de ser mais incomum, os primeiros sinais da acumulação compulsiva podem aparecer ainda na infância. Entretanto, como é citado no DSM-5, o distúrbio costuma se tornar mais desenvolvido conforme a idade avança, sendo mais prevalente entre os 55 e 94 anos, segundo dados apresentados no livro.
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Texto e entrevista: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Yolanda Hollaender, consultora em organização de ambientes residenciais e corporativos, com certificação pela empresa OZ! Organize sua Vida; sócia-fundadora da Associação Nacional de Profissionais de Organização e Produtividade (ANPOP) e coordenadora da Oficina de Suporte aos Problemas de Desorganização – Fonte: Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-5), Associação Americana de Medicina; editora Artmed, 2013