Quando o sentimento de ciúme se torna obsessivo e causa danos aos envolvidos, ele deixa de ser algo aparentemente inocente e se torna uma doença. Ele é considerado um transtorno psiquiátrico denominado “ciúme excessivo” e ocorre quando “começa a interferir na rotina da pessoa, causando sofrimento ou atrapalhando a vida”, define a psiquiatra Hebe de Moura.
Sintomas do transtorno do ciúme excessivo
Segundo a psicóloga Marina Vasconcellos, o ciumento deseja controlar a vida do parceiro, desconfiando de tudo e todos: quer saber com quem conversou, onde esteve, que horas chegou, além de querer checar o celular e as redes sociais do outro.
“Em geral, acaba controlando tudo o que o outro faz e a relação vira uma verdadeira prisão, caso o parceiro entre nesse jogo doentio. Qualquer situação que passaria despercebida perante as pessoas é motivo de questionamentos e checagens para o ciumento”, indica Marina. A relação é tomada por discussões constantes, e a pessoa nunca está satisfeita com respostas ou justificativas, uma vez que a dúvida sempre persiste.
“A pessoa ciumenta não consegue fazer nada em sua vida sem pensar no ciúme, que lhe toma grande parte do dia em pensamentos obsessivos direcionados ao parceiro. Nunca está tranquila, sempre desconfia de qualquer um que se aproxime, achando que há segundas intenções ali. A vida vira uma eterna tentativa de ‘pegar o parceiro no pulo’, mesmo que nunca encontre nada para desconfiar”, complementa a psicóloga.
Outra possibilidade é o desenvolvimento do chamado ciúme delirante. Nesses casos, considerados mais graves pela psiquiatria, o ciumento não consegue diferenciar realidade de fantasia, muitas vezes enxergando comportamentos que não condizem com a verdade.
Tratamento
Quando o ciúme atinge níveis patológicos, é preciso ser rapidamente tratado; do contrário, pode causar reações extremamente perigosas e afetar tanto a vida do parceiro quanto a do próprio ciumento.
Basicamente, o tratamento é um conjunto entre a psicanálise e a psicoterapia. Enquanto no primeiro caso busca-se as causas para tratar o ciúme, no segundo, trata-se dos sintomas, por meio de medicamentos. “A pessoa precisa cuidar da insegurança que a faz sentir-se tão ameaçada pelos outros, assim como de sua autoestima. É preciso entender seu modo de funcionamento e as dinâmicas da vida para melhorar e posicionar-se diferente perante suas relações amorosas”, esclarece Marina.
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Texto: Andrey Seisdedos/Colaborador – Edição: Victor Santos
Consultorias: Eloá Bittencourt, psicanalista e membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro (RJ); Hebe de Moura, psiquiatra e terapeuta; Marina Vasconcellos, psicóloga e terapeuta familiar.