Em uma entrevista intimista com Sérgio Guizé, protagonista de ‘Êta Mundo Bom!’, conhecemos mais um pouco da carreira do ator, que contou não perdeu na televisão a essência vinda do teatro e também experimentada no cinema. Continua sendo o mesmo cara de Santo André (SP)! Assim como Candinho, o ator diz ter vindo de uma família simples!
Foto: Divulgação/TV Globo
Confira o papo:
O Candinho vai ter uma virada na trama?
“Vai ter virada sim. Vão acontecer muitas coisas com ele. Essa coisa dele estar em São Paulo e dessa crueldade que ele vem sofrendo, acho que de um jeito ou de outro isso irá afetar ele. Eu penso nisso até artisticamente falando. No inicio ele falava de um jeito porque só convivia com os animais. E vivia no fundo da casinha da fazenda. Pensei nessas coisas para criar o personagem. Eu mudei um pouco no jeito de falar para não deixar o Candinho chapado. Acho que no momento [certo] que ele perderá o medalhão. Ele irá se transformar. Perder algumas coisas. E ganhar umas também. Sem perder a essência. ‘Tudo que acontece de ruim é para melhorar’.”
A trama está fazendo um grande sucesso. Como está sendo a repercussão nas ruas?
“Eu fico sabendo aqui no Projac. Com a novela no ar, eu não consigo fazer nada. Eu fico em casa e venho para cá todo dia bem cedo. Não vejo ninguém. Hoje me mostraram um vídeo das crianças dançando a musica da abertura da novela. Eu fiquei bem emocionado. Eu ainda não consegui voltar para São Paulo. E nem fui a Santo André, cidade onde nasci. Eu não vejo nada na internet. Pois acho que desfoca. As pessoas sempre vem me falar.”
Foto: Divulgação/TV Globo
Após a estreia da trama, percebemos que o Candinho é uma criação sua. Na realidade, de quem é esse mérito?
“Eu não consigo fazer nada sozinho. O mérito é de toda a equipe. Tanto essa coisa do Voltaire, como do Mazzaropi, como do Charlie Chaplin, virou na verdade um mosaico para criar o personagem. E das pessoas que eu conheci também, né? Minha avó tinha muito do Candinho. Fui misturando e fazendo de coração. De dentro para fora. De tentar fazer uma coisa ou outra. Saiu assim, sabe?”
Tem algo de você no Candinho?
“Cara, acho que tem a dedicação. Tento criar um personagem de começo, meio e fim. O personagem sempre fica na frente do Sergio Guizé. Eu me defendo com ele. Tem a dedicação. Eu me dedico muito. Até demais (risos). Fica carregado até, assim.”
Você é um dos poucos atores que foca na carreira, né?
“Eu penso no personagem. Eu sou acostumado a fazer personagens. Eu vim do teatro. E, no teatro não tem muito isso. Eu estou mais velho e tal. É muito forte tentar passar essa mensagem de otimismo, esperança, amor, isso é mais forte para mim. Se não eu vou me sentir meio que me traindo, para ficar natural.”
Foto: Divulgação/TV Globo
Com 35 anos, você chegou um pouco tarde à TV. Entretanto, já fez três protagonistas. Como você lida com isso? Bate aquela insegurança?
“Eu fico muito mais feliz de ter a oportunidade de fazer o meu trabalho de verdade. Não é só estar na televisão. Eu fiz mais de 30 peças no teatro. Lá, eu tinha oportunidade de criar. Eu ganhei esses personagens na tevê, por poder criar também. Eu acho que eu não vim antes para a tevê porque eu não quis. Eu queria criar. E o teatro me dava essa oportunidade. O cinema está me dando um pouco agora. O segredo é criar personagens, trabalhar com gente bacana e contar uma história boa. Eu fazia teatro para fazer teatro. E não para fazer televisão. Nunca imaginei fazer tevê. Não tem como recursar esses personagens que me foram oferecidos. Estou trabalhando com grandes mestres! É uma honra.”
O personagem não é um coitadinho. Ele tem a humildade como uma virtude em si. Como foi criar isso?
“Enfim, eu venho de uma família pobre orgulhosa de Santo André. Não tinha ninguém coitadinho. A gente nunca teve problema com isso. Eu acredito nisso. Sem ser piegas. Tem que ter orgulho. Tem que ter todas as faces dessa humildade em si.”
O que você guarda do inicio da carreira até hoje dentro de si?
“Acho que é a vontade de fazer sempre o melhor. E, nunca perder a minha identidade artística. Mesmo Guizé que pinta lá os quadros, o mesmo Guizé da banda. Os mesmos amigos. A vida me apresentou novos. Eu acho que é a vontade de ter uma identidade artística. Sabe? De não ser nada forçado. Para as pessoas acreditarem no meu trabalho. Eu mesmo tenho que acreditar. Se não ficar bom para mim. Não vai ficar bom para ninguém. Eu tenho certeza disso.”
Foto: Divulgação/TV Globo
Você esperava esse tamanho sucesso da novela?
“Cara, eu esperava sim. É uma mensagem que cai como uma luva nos dias de hoje. É uma mensagem muito boa.”
Você quase não aparece em eventos noturnos. O último foi o show do Rolling Stones, no Rio de Janeiro. Você seleciona o evento ou é um cara mais caseiro?
“Eu amo os Rolling Stones. Eu tinha até comprado o ingresso. Eu só faço o que eu quero mesmo. Não dá para ir ao show dos Rolling Stones e ir ao do Araketu. É difícil até. Eu fui porque eu amo mesmo. Eu estou ficando mais velho, é muito mais difícil, muitas pessoas, muito calor. Eu amo os Rolling Stones, eu precisava muito ir. Eu não consegui das outras vezes porque não tinha dinheiro, enfim. Eu tinha que ir. Vai que (bate na madeira) pode ser o último. Foi uma coisa incrível quando eles entraram no palco.”
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Entrevista: André Luis Romano/Colaborador
