A tecnologia já faz parte de praticamente todos os aspectos de nossas vidas. Devido à constante utilização de produtos tecnológicos, podemos ter acesso a todo tipo de informação a qualquer momento. Por isso, uma dúvida pode surgir: a tecnologia deixa o cérebro mais preguiçoso?
O neurologista Edson Issamu Yokoo explica que sim e que já se tem vários exemplos indicando que o avanço da tecnologia facilita tanto o trabalho mental que o cérebro acaba sendo subutilizado. De acordo com o profissional, um dos motivos seria a questão do consumo de energia.
É que uma grande atividade cerebral requer muita quantidade de energia e isso obriga o organismo, no gerenciamento do funcionamento corporal, a deslocar grandes quantidades de energia, que se encontram espalhada pelos inúmeros sistemas biológicos para apenas uma atividade específica, que é a atividade cerebral.
“Intuitivamente, sabemos que qualquer deslocamento de energia não é uma tarefa fácil e confortável. Não é difícil entender que, entre realizar uma tarefa ou resolver um problema necessitando buscar informações nas profundezes de seus sistemas de memória, depurá-los e inserir no contexto desejado (trabalho este que certamente acarretaria grande gasto de energia) e realizar a mesma atividade com a ajuda da tecnologia, que oferece a mesma informação gastando apenas um terço da energia e do tempo, certamente vamos ficar com a segunda opção. Nós somos o nosso cérebro. Se nós escolhemos isso, o cérebro também escolheu”, diz.
Com o uso da tecnologia, a nossa memória aumentou?
Não, já que a capacidade da memória é um atributo individual. A memória tem mais relação com a capacidade de utilizar de maneira viável as informações armazenadas do que a quantidade de informações armazenadas. Portanto, não tem relação com o surgimento da tecnologia. “O conhecimento adequado sobre fatos novos relacionados à humanidade cresceu, aumentando o repertório de assuntos da memória. Isso não significa que temos mais ou menos memória do que antes”, diz.
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Consultoria: Edson Issamu Yokoo, neurologista da Rede de Hospitais São Camilo, de São Paulo (SP).
Texto e entrevista: Amanda Araújo/Colaboradora – Edição: Augusto Biason/Colaborador