O comportamento em relação ao ato de gravar uma memória diz muito sobre a personalidade do indivíduo. Por exemplo: quem cria muitos códigos ou senhas para acessos a lugares diferentes tende a ser uma pessoa mais conservadora.
De acordo com o psicólogo Bayard Galvão, a memória é um dos efeitos da nossa atenção; por isso a tendência é se atentar mais para aquilo que damos mais valor, memorizando, portanto, com base na nossa personalidade. “Não é por acaso que, quando duas pessoas discutem, elas se lembram de fragmentos específicos do conflito, podendo inclusive esquecer de várias partes do aspecto verbal, simplesmente por terem se focado em pontos ou temas diferentes”, defende Galvão.
O neurologista Martin Portner atenta para o fato de que, ao criar um login ou senha, escolhemos algo que fica na mente. Neste caso, preferimos alguma coisa que possua significado emocional.
Segundo o especialista, uma pesquisa desenvolvida em Londres, na Inglaterra, mostrou que existem quatro principais tipos de senhas: as relacionadas à família (nome de uma criança, companheiro, animal de estimação ou uma data de nascimento); às categorias, em que os nomes provêm de atletas, cantores, estrelas de cinema ou personagens fictícios; as fantasiosas, em que se escolhe senhas como as palavras forte deusa ou dragão; e as de gênero enigmático, com senhas ininteligíveis, considerado o grupo mais consciente de segurança.
Na visão do profissional, logins e senhas são reveladores: “eles são gerados imediatamente, uma vez que é necessário atender ao sistema na hora. Neste caso, é provável que você descarte a primeira coisa que lhe vem à mente e prefira algo que vai ficar na memória para sempre. Sendo assim, a personalidade influencia muitas coisas, inclusive essas escolhas”, comenta Portner.
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Texto e entrevistas: Carolina Firmino – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Bayard Galvão, psicólogo clínico; Martin Portner, neurologista e mestre em neurociência pela Universidade de Oxford, nos Estados Unidos