O time brasileiro de vôlei feminino foi o vencedor do Gran Prix 2016 pela 11ª vez. Mas a festa virou polêmica depois que a premiação para o time foi revelada e o machismo no vôlei foi exposto.
As jogadoras receberam US$ 200 mil dólares pelo primeiro lugar. É uma quantia interessante, mas o problema apareceu quando o valor recebido pelos vencedores da Liga Mundial masculina foi divulgado.
O time vencedor da Liga Mundial 2016, Sérvia, recebeu um milhão de dólares. É cinco vezes mais que a premiação feminina. Eles venceram o time brasileiro, que também recebeu mais que as garotas (US$ 500 mil dólares). Até mesmo o terceiro lugar, a França, recebeu mais que o primeiro lugar feminino, levando US$ 300 mil dólares.
As premiações para melhor jogador também foram maiores para os homens. Eles receberam o dobro que elas.
Em entrevista ao Globo Esporte, a jogadora Sheila protestou: “É uma sacanagem. É um absurdo. Falamos isso desde o meu primeiro Grand Prix. É injusto”.
A jogadora Thaisa também não gostou da diferenciação dos prêmios, pois “o feminino é tão espetáculo quanto” o masculino. Ainda segundo a central, as pessoas se dedicam no masculino e no feminino, por isso os dois merecem valorização com pelo menos um valor próximo: “Acho que isso mostra um pouco de machismo. Defender o masculino e não defender os direitos de igualdade no feminino. Nós lutamos, treinamos, corremos atrás, fazemos cirurgia, sentimos dores. Tudo igual. Exatamente igual. A dedicação é a mesma, lutamos pela pátria do mesmo jeito. Então, acho que merecemos igual”, contestou a jogadora da seleção.
FIVB primeiramente não vê problema, depois diz que situação deve mudar
A Federação Internacional de Vôlei (FIVB) foi procurada pelo Globo Esporte e em primeiro momento minimizou a situação, dizendo que a premiação já estava estipulada há tempos no regulamento e que as equipes concordam com isso para participar.
Quando conseguiu contato com o presidente da federação, Ary Graça, o discurso ganhou ares de mudança no futuro. Segundo o dirigente, o problema está na coleta de patrocínios para o Grand Prix, que vem crescendo apenas recentemente.
Com a possível exploração de novos mercados na Ásia, a situação pode mudar: “Nós vamos acabar com isso. Arrecadamos mais no masculino, tem sido assim. Mas agora estou muito na Ásia. Estamos descobrindo novos mercados. Na minha cabeça, vamos subir esse prêmio logo. Tudo é licitação. Se for o que me disseram, vou ter dinheiro para pagar às jogadoras“, explicou Ary.
A capitã da seleção, Fabiana, acha que a mudança já demorou muito para acontecer: “Amanhã já é tarde. Esperamos que isso tenha melhoras. Porque não é justo“.
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