Se você costuma frequentar locais como praças, shoppings e supermercados, convive com uma criança ou tem filhos, é provável que alguma vez tenha visto essas crianças jogando em um tablet ou em um smartphone ou colocando seus vídeos preferidos do YouTube por conta própria. A habilidade dos pequenos com a tecnologia impressiona, mas os especialistas alertam que é preciso ter certos cuidados.
Filhos e tecnologia: eles ficam mais inteligentes?
Com o avanço da tecnologia e a disseminação do conhecimento por meio da internet, além da maior liberdade de expressão alcançada, as formas para se adquirir informações tornaram-se mais acessíveis às novas gerações do que eram para as anteriores. Mesmo assim, é preciso ter seletividade, porque o aprendizado não acontece de forma passiva. Muito pelo contrário, as informações precisam ser trabalhadas para que sejam fixadas na mente.
Hoje em dia, os filhos têm mais liberdade para conversar com a família, dizer o que pensam e sentem aos pais. No entanto, segundo a psicóloga Ana Paula Magosso Cavaggioni, a sensação de maior inteligência está muito mais relacionada com as diferenças do que é vivido entre as gerações e as consequentes habilidades que são desenvolvidas. “Acredito que a falta de tempo para passar com os filhos afasta os pais da percepção do desenvolvimento dos mesmos. Eles ficam surpresos com algumas colocações que as crianças são capazes de fazer, muito mais por uma falta de familiaridade do que pelo fato de as crianças parecerem mais inteligentes”, salienta a psicóloga.
Dessa forma, os pais precisam estar atentos ao que os filhos aprendem na escola, com o que veem na televisão ou mesmo em livros e como estão desenvolvendo e compartilhando esse conhecimento com outras pessoas. É preciso acompanhar o crescimento pessoal e educacional dos pequenos.
Malefícios dos eletrônicos
A tecnologia pode auxiliar no processo de aprendizagem, mas é preciso saber quando, quanto e como introduzi-la na vida da criança. Sobre o primeiro fator, o da idade, o ideal é que as crianças tenham acesso aos dispositivos apenas após os três anos, fase em que ocorre o desenvolvimento cognitivo.
“Não é fundamental que a criança aprenda ao utilizar celulares e tablets (habilidade esta que costuma deixar pais e adultos muito impressionados com o que supõem ser uma demonstração da inteligência da criança), mas, sim, por meio das interações que é capaz de estabelecer com seus pais e familiares, compartilhando experiências, dirigindo seu olhar para a existência de um outro, tendo oportunidades de brincar, correr, ouvir histórias, música e realizar tantas outras atividades, as quais vem sendo substituídas pela tecnologia”, afirma Ana Paula. Nesta fase, para a psicóloga, a tecnologia mais atrapalha do que ajuda.
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Texto: Érica Aguiar – Edição: Victor Santos
Consultorias: Ana Paula Magosso Cavaggioni, psicóloga na Clia Psicologia e Educação, em Santo André (SP) e pesquisadora do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP) do Departamento de Aprendizagem, do Desenvolvimento e da Personalidade; Cristiane Moraes Pertusi, doutora em psicologia do Desenvolvimento Humano pela Universidade de São Paulo (USP).