Crianças isoladas que evitam contato visual e pouco ou quase nada falam. Essas são algumas das manifestações do autismo, um distúrbio que ainda é um enigma para ciência, mas que afeta mais de 70 milhões de pessoas pelo mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
Um pouco de história
Em 1906, o psiquiatra suíço Plouller utilizou o termo autismo pela primeira vez ao descrever o isolamento frequente em alguns de seus pacientes. Mas foi só na década de 1940 que o transtorno recebeu maior atenção, quando o médico austríaco Leo Kanner, vivendo nos Estados Unidos, teve contato com Donald T., um garoto com um problema que seria batizado, posteriormente, como autismo; e o psiquiatra austríaco Hans Asperger descreveu uma condição muito semelhante, que ficou conhecida como Síndrome de Asperger.
A partir de então, artigos científicos e pesquisas sobre o tema só aumentaram. Popularmente conhecido como autismo, o transtorno possui uma história marcada por alterações na nomenclatura e nos critérios utilizados para o diagnóstico. Atualmente, as características do distúrbio constam na 5ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) como parte do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Autismo não é doença
O TEA é classificado como um transtorno ou distúrbio do neurodesenvolvimento. Não se trata de uma doença nem um uma síndrome, já que não é conhecido seu gene causador. Especificamente no caso do autismo, tampouco há identificado um gene comum em vários pacientes, embora os comportamentos e déficits sejam descritos de forma semelhante.
A síndrome de Rett, por exemplo, anteriormente era considerada como um dos Transtornos do Espectro do Autismo. “Agora, sabe-se que é uma síndrome genética definida, com uma mutação em um gene específico”, explica a bióloga Patrícia Beltrão Braga.
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Texto e entrevista: Natália Negretti/Colaboradora – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultoria: Patrícia Cristina Baleeiro Beltrão Braga, bióloga idealizadora do projeto A Fada do Dente, para o estudo dos mecanismos envolvidos no autismo no Laboratório de Células-tronco, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP)