Embora cada caso de transtorno alimentar seja único, é necessário recuperar a saúde do corpo, dar suporte psicológico e, se for necessário, tratamento psiquiátrico, para todos os pacientes. “A pessoa precisa equilibrar a alimentação, perder o ‘medo’ dos alimentos, buscar sanar as distorções de imagem corporal e se desfazer dos comportamentos autodestrutivos”, destaca a nutricionista Paola Altheia.
O transtorno alimentar afeta várias esferas da vida do paciente, entre elas, afetiva, emocional, familiar, social e até mesmo profissional. Segundo a psicóloga Vânia Calazan, “os transtornos alimentares podem levar a dificuldades como o desenvolvimento de quadros de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo compulsivo, dependência química e risco aumentado para suicídio”.
A fim de obter resultados mais satisfatórios, o diagnóstico e o tratamento desses quadros devem ser realizados precocemente por uma equipe multidisciplinar composta por médico clínico e médico psiquiatra, psicólogo, nutricionista e educador físico.
O objetivo central desse tipo de intervenção terapêutica é recuperar o estado geral do indivíduo, promovendo a melhora da condição nutricional e da saúde em geral, além de tratar as repercussões emocionais associadas à doença. “O nutricionista vai ensinar o paciente a se alimentar de forma adequada, e o educador físico orientá-lo a ter um estilo de vida saudável. O clínico vai acompanhar o estado geral do paciente e, por fim, o psiquiatra vai avaliar a necessidade do uso de medicamentos psicotrópicos”, detalha Vânia.
Os perigos da falta de tratamento
Segundo a psicóloga Christiane Adami-Lauand, “um dos maiores perigos em não tratar os transtornos alimentares é que, devido à gravidade e complexidade das consequências clínicas e psicológicas, eles podem levar à morte”. No entanto, a especialista aponta que também existem efeitos físicos e clínicos causados pelos transtornos. Confira alguns deles:
1• Desnutrição
2• Desidratação
3• Atraso no desenvolvimento da puberdade: irregularidade menstrual ou interrupção da menstruação em meninas, redução da massa óssea, interrupção do crescimento, fertilidade
4• Redução da pressão arterial e frequência cardíaca
5• Batimentos cardíacos irregulares
6• Pele ressecada e cabelos finos
7• Diminuição na produção de células sanguíneas
8• Atrofia cerebral e alterações na atividade elétrica cerebral
9• Disfunções cardíacas
10• Disfunções do estômago e intestino
11• Distúrbios metabólicos
12• Cáries e perdas dentárias
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Texto e entrevistas: Jéssica Pirazza/Colaboradora – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Consultorias: Christiane Baldin Adami-Lauand, psicóloga e membro efetivo da Clínica de Estudos e Pesquisa em Psicanálise da Anorexia e Bulimia (CEPPAN),em São Paulo (SP); Paola Altheia, nutricionista e autora do blog Não sou exposição (naosouexposicao.wordpress.com); Vânia Calazans, psicóloga clínica, especialista em hipnoterapia cognitiva e transtorno alimentar.