Ansiedade está presente na vida de todos. Ela é uma reação natural de antecipação e de percepção a algum tipo de perigo futuro, seja ele real, iminente ou imaginário. “De modo geral, a ansiedade é uma resposta normal e desejável. Em níveis adequados, essa resposta pode até melhorar o nosso desempenho, já que dispara no organismo substâncias ligadas às reações de luta e fuga”, conta o psiquiatra Marcelo Piquet Carneiro.
Normal até que ponto
Apesar de ser uma reação natural e comum a todos, a ansiedade pode se tornar patológica. O problema surge quando ela se torna desmedida e incontrolável, afetando o funcionamento pessoal e se manifestando por meio de ataques de pânico e fobia. “A manifestação pode ser súbita ou gradual, e sua intensidade pode variar desde uma ansiedade leve e imperceptível até um ataque de pânico. É comum sentir medo, ficar apreensivo, ter sudorese, taquicardia e agitação antes de decisões e acontecimentos, mas quem sofre de um transtorno de ansiedade tem essas sensações sem uma causa aparente ou uma ameaça”, explica a psiquiatra Maria Cristina de Stefano.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), esse é um mal que afeta cerca de 33% da população mundial e está cada vez mais presente atualmente, deixando de ser um problema subestimado. Na capital de São Paulo, por exemplo, cerca de 30% das pessoas sofrem com transtornos de ansiedade e demonstram sintomas da doença, que é considerada pelos especialistas um problema de saúde moderno, desencadeado pela rotina pesada, estresses do dia a dia e pressões pessoais.
Problemas decorrentes
Outro fator preocupante é que os transtornos de ansiedade provocam uma série de problemas em quem sofre desse mal. “Eles desencadeiam um efeito cascata no sistema adrenérgico do corpo, responsável por acionar as respostas adaptativas de luta ou fuga. As reações decorrentes desse mecanismo de proteção, se não forem desligadas em tempo conveniente, levam ao estresse crônico, que pode causar alterações graves nos diversos sistemas reguladores, como alteração da pressão arterial, do metabolismo, do sistema sono-vigília, das funções musculoesqueléticas, do sistema digestório, urinário, entre outras”, conta Maria Cristina. Gastrite, má digestão, taquicardia, hipertensão, falta de ar e tosse podem ser distúrbios resultantes da ansiedade.
Tratamento e ajuda
As pessoas, normalmente, identificam seus tormentos emocionais, mas acabam atribuindo os sintomas a outros fatores. Por isso, é necessário identificar o que está acontecendo de diferente, assumir o estado e entender que é necessário buscar ajuda. Para ter o diagnóstico, é indicado procurar um especialista no assunto, como um psicólogo ou um médico psiquiatra. O tratamento correto depende muito de um diagnóstico preciso, porque grande parte dos sintomas do transtorno de ansiedade também pode existir em outras doenças, como no transtorno bipolar. “O tratamento é feito através de antidepressivos modernos e ansiolíticos extremamente seguros e eficazes. Vale ressaltar que as psicoterapias também contribuem para o paciente. A combinação desses dois métodos – medicamentos e terapia – produz os melhores resultados”, afirma Marcelo.
Texto: Edgard Vicentini/Colaborador
Consultoria: Marcelo Piquet Carneiro e Maria Cristina de Stefano, psiquiatras
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