Pouco se sabe sobre a mulher que teve seus demônios expulsos por Jesus. Ela era prostituta? Adúltera? Uma seguidora? Uma apóstola fiel? Ou então, quem sabe, foi esposa de Cristo e mãe de seus filhos? As passagens que mencionam Maria Madalena são pouquíssimas, e em quase todas elas teve uma participação minimizada pelo Catolicismo. Mas, afinal, qual é a verdadeira história de Maria Madalena?
Em 1896, o pesquisador alemão Carl Reinhard adquiriu na cidade do Cairo, no Egito, diversos textos apócrifos, hoje conhecidos como Codex Gnóstico de Berlim ou Codex Akhmim. A coleção ainda trazia versões em copta do Evangelho de Maria, como também era conhecido o evangelho de Maria Madalena, e de mais dois textos apócrifos, conhecidos como Apócrifo de João e A Sofia de Jesus Cristo – esses dois também guardados na então descoberta Biblioteca de Nag Hammadi, famosa por abrigar textos apócrifos sobre a vida de Jesus.
O texto, de autoria de Maria Madalena e datado do século III, foi publicado em 1955. Fragmentos citam que Jesus tinha uma grande proximidade com a discípula, despertando o ciúme dos outros apóstolos.
Na maior parte, o evangelho contém trechos de conversas entre Jesus e seus seguidores quando estavam reunidos. Em um desses trechos, há uma narrativa que acontece após a ressurreição, onde os apóstolos questionavam que, se nem o Messias foi poupado, o que seria deles? E Maria respondeu dando coragem aos homens para seguir em frente com os ensinamentos de Jesus e contou sobre mensagem que recebeu do líder em uma visão que teve com ele.
Pedro e André foram os únicos que a questionaram: “Pedro respondeu e falou sobre as mesmas coisas. Ele os inquiriu sobre o Salvador: ‘Será que ele realmente conversou em particular com uma mulher e não abertamente conosco? Devemos mudar de opinião e ouvirmos a ela? Ele a preferiu a nós?’”.
Com isso, ela se destaca como uma discípula confidente do filho de Deus, a quem ele lhe confidenciou informações importantes das quais não foram repassadas aos homens.
Apesar de os manuscritos não estarem completos, já que na única cópia conhecida dele faltam alguns trechos, que vão das páginas 1 a 6 e de 11 a 14, até aqui, não há nenhuma passagem que sugere que houve um relacionamento íntimo entre Madalena e Jesus.
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Texto: Júlia Prado Edição: Nathália Piccoli