Para potencializar efeitos ou aumentar o número de sensações, usuários de crack têm combinado a pedra com outras substâncias, como maconha e ácido bórico. Entretanto, o “barato” que essas misturas causam é proporcional ao risco que isso traz ao organismo da pessoa.
Mais efeitos, maior risco
A combinação de crack com maconha é conhecida como “mesclado”. Pequenos fragmentos da pedra são colocados junto a um punhado da erva, seja em forma de cigarro ou no cachimbo. “Geralmente essa mistura é feita para intensificar o efeito da cocaína. O efeito psicoativo é mais intenso também porque ambas, por mecanismos diferentes, promovem um aumento nos níveis de dopamina”, afirma Eliani Spinelli, coordenadora do Laboratório TOXfree e do Grupo de Pesquisa em Toxicologia Analítica da Universidade Federal Fluminense (UFF). Ela explica que o uso do mesclado é perigoso principalmente para o coração. “Por mecanismos diferentes, ambas provocam taquicardia, um efeito que se torna bem mais intenso com a administração simultânea das drogas”.
Os efeitos da associação, no entanto, valem também caso as substâncias sejam consumidas separadamente e de forma contínua, como aponta Wesley Barros, coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Celso Lisboa. “A maconha prolonga a duração de efeito do crack, seja administrada simultaneamente, como ‘mesclado’, bem como no uso após o crack, na forma de baseado”, conclui.
LEIA TAMBÉM
- Verdade ou mito: o consumo de outras drogas é uma porta de entrada para o crack?
- Por que o uso de maconha foi proibido no Brasil? Saiba mais
TEXTO Thiago Koguchi CONSULTORIAS Eliani Spinelli, professora associada da Faculdade de Farmácia e Coordenadora do Laboratório TOXfree – Grupo de Pesquisa em Toxicologia Analítica da Universidade Federal Fluminense (UFF); Wesley Barros, coordenador do curso de Biomedicina do Centro Universitário Celso Lisboa.