O estresse e o mau humor contribuem para o aumento de peso? Se sim, a dieta correta pode até emagrecer? Quanto?
Sim, na verdade, algumas características da vida moderna podem estar intimamente relacionadas a um balanço energético positivo, levando ao ganho de peso. Dentre elas, podemos citar alimentação inadequada, sedentarismo e, mais recentemente, o estresse. Geralmente, o corpo humano responde ao estresse por meio de adaptações físicas ou comportamentais, aumentando o estado de alerta diante de novas situações, tolerância à dor e produção, liberação de substratos energéticos dos estoques corporais, principalmente sob a forma de glicose e gordura. Esses substratos em excessos são conhecidos por causarem alterações metabólicas ligadas à obesidade e ao diabetes.
Muitas pessoas comem mais, principalmente doces, quando estão pra baixo e esgotadas (física e emocionalmente), até como recompensa. Quais são as dicas para combater esse comportamento?
A teoria mais difundida defende que a ingestão de carboidratos abre caminho para a entrada de maior quantidade de triptofano no cérebro, onde será transformado em serotonina (neurotransmissor bastante conhecido como substância química calmante). Foi formulada a hipótese de que a sacarose (açúcar simples) age determinando de alguma maneira a liberação de endorfinas. A endorfina é um e uma utilizada pelos na do . É um , uma substância química que, transportada pelo sangue, faz comunicação com outras células. Por isso, é um neurotransmissor que ajuda no tratatamento do bom humor. Isso explicaria a tendência de consumir petiscos doces nos períodos de estresses e a preferência por doces durante as festas.
É possível evitar a ansiedade e a compulsão alimentar diante desse quadro? Como tratar com a ajuda da alimentação?
A ansiedade significa a ocorrência de sentimentos desagradáveis de tensão, acompanhados de aumento na atividade autonômica. Já o traço de personalidade diz respeito à maneira como a pessoa reage às situações. A compulsão alimentar é a ingestão em um dado período de tempo de uma quantidade muito maior de alimentos que a maioria das pessoas consumiria no mesmo prazo e em situação similar. A pessoa com a compulsão alimentar não tem controle sobre quais alimentos ou quanto consome nesses momentos.
É provocada por ansiedade, estresse, dificuldades afetivas, depressão, baixa capacidade de resolver problemas do cotidiano, dificuldade relacionamento interpessoal e dietas muito restritivas. O compulsivo come por qualquer emoção forte, mesmo as positivas, que fica associada como sinal que leva à comida automaticamente, sem que disso tenha consciência.
“O ponto central da compulsão alimentar é a baixa autoestima”
Basicamente uma urgência em comer. Uma espécie de “aflição” ou desespero que o leva a procurar alívio na comida. Porém, esse alívio é de curtíssima duração e esse impulso se repete, agora acrescentado de culpa, sensação de incapacidade e fracasso, depressão, prejudicando ainda mais a autoestima.
A compulsão alimentar deve ser tratada com forma específica de psicoterapia, que atua na identificação e no tratamento das emoções que levam a pessoa a comer indevidamente, reconduzindo à redescoberta da referência fome – saciedade que o compulsivo perdeu, e à busca de soluções para as emoções que são confundidas com a fome (ansiedade, estresse, depressão ou qualquer outro fator que não a fome, que leve a pessoa a comer).
Dessa forma, “desmonta-se” progressivamente o comportamento compulsivo, a pessoa perde peso como consequência desse processo e poderá aderir à reorientação alimentar.
Em qualquer processo de emagrecimento, é fundamental a reorientação alimentar. Na compulsão, porém, o indivíduo não consegue manter as dietas. Como é levado à comida por estímulos emocionais, mesmo as dietas equilibradas, saborosas e individualizadas são autosabotadas. A dica é procurar por acompanhamento psicológico.
Alimentos que combatem o estresse
– Aspargo, espinafre, vegetais verdes escuros e folhosos: ricos em ácido fólico e vitamina B9
Consumo para homens: 200 microgramas
Consumo para mulheres: 180 microgramas
– Grão-de-bico, lentilha e tâmara: ricos em magnésio
Consumo para homens: 300 miligramas
Consumo para mulheres: 300 miligramas
– Abacate, nozes, semente de linhaça e peixes : ricos em ômega 3
Consumo para homens: cápsula de 2 doses/semana
Consumo para mulheres: cápsula de 2 doses/semana
– Cereais integrais e arroz: ricos em vitamina B6
Consumo para homens: 2 microgramas
Consumo para mulheres: 1,6 microgramas
– Brócolis e frutas cítricas: ricos em vitamina C
Consumo para homens: 60 microgramas
Consumo para homens: 60 microgramas
Consultoria: Cláudia Itosu, nutricionista do Hospital Santa Virgínia, de São Paulo.
Fonte: os dados do quadro são baseados nas informações do órgão americano Food and Drug Administration (FDA)
Texto: Aline Mendes
Foto: Glow Images/Latinstock