Em uma entrevista reveladora, Humberto Martins, o interprete de Germano em ‘Totalmente Demais’, conversou com nossa reportagem e revelou detalhes de sua carreira, inclusive que quase desistiu de interpretar Alaor, em ‘Mulheres de Areia’, novela que está sendo reprisada no canal Viva. Confira o papo completo:
Está claro que o Germano é o pai da Eliza. O que você pode comentar dessa história?
“Eu ainda não sei. Esse bloco de capítulos sobre a relação dos dois não chegou à minha mão. Não sou de entregar as coisas (risos). Gosto de fazer mistério! Eu não entrego. O segredo é melhor que tudo. Porque a expectativa de você querer saber é sempre maior. Se me contarem o final de um filme, eu não irei assistir. Eu não sei o que espera o personagem. Eu acho que toda novela, ainda mais essa, que é bem astral, bem leve, caberia um final apaziguador. Um final que traga luz. Ou uma combinação de relacionamentos que seja para o bem estar de todos os envolvidos. Eu acho que o Germano vai se redimir.”
O personagem irá passar por um turbilhão de emoções nos próximos capítulos. Como você está se preparando?
“Eu dei uma leitura geral nos blocos e tentei entender o personagem. Fazer uma amarração psicológica. De musicalidade das cenas, das intensidades, da importância de acontecimentos que não fique uma coisa estranha. Que fique legal. Realmente está sendo duro, porque é um turbilhão de coisas ao mesmo tempo. É exatamente o que você falou e, eu detectei. Eu estou me preparando cada vez mais, lendo cada vez mais. Amadurecendo o texto, amaciando ele, ajeitando. Onde deve ter uma linha mais dramática irei seguir. De que forma pode se passar todo entendimento dele de paternidade até as discussões a respeito do que isso irá criar. Com certeza irá criar muitas situações. Então, na cabeça do Germano está um pouco confuso. Ele está encurralado e está procurando saídas. O encurralado (risos).”
O personagem estava meio dúbio. Agora irá mostrar um lado paixão. Como foi essa composição?
“Ele gosta da mulher dele. Eles tiveram uma vida muito boa até a morte da filha. Então curtiram muito, viram muito. Ele tem as memórias, comenta esses momentos com a esposa e tal. É uma vida inteira, vinte anos de relacionamento. Ele leva em consideração aos valores dele, de ser humano que foi criado dentro das tradições: casar, ter filhos e construir uma família. Ele foi um cara que foi caminhoneiro e batalhou para estar onde está. Foi o único dos irmãos que fez uma faculdade, se formou em química. Com certeza ele é tradicional e preza bastante isso. É presidente de uma empresa, algo que não é fácil. Ele é bem progressista, acho que vai ajeitar as coisas.”
Você acha que essa filha vai ser uma redenção para ele?
“Eu acho que sim. Essa filha vai mudar tudo na vida dele, desde o material até o emocional. As atitudes com certezas terão que ser revistas. Eu creio que essa filha vai mudar tudo na vida do Germano.”
Você reencontrou a Viviane Pasmanter nessa trama. E, como está sendo reencontrar a Juliana Paes em cena?
“Eu e Juliana fizemos um pedaço de ‘Pé na Jaca’ (2006) e depois ‘Gabriela’ (2012). A química tem dois princípios de percepção, de você perceber que essa química entre dois atores existe. A intimidade que eles têm profissionalmente um com o outro, como amigos, como colegas é uma troca. E a disponibilidade. A química se define por isso. Mas, eu acho que mais pela disponibilidade. Se você tem disponibilidade, de cada um se jogar sempre nas cenas, essa química aparece e o ingrediente dá certo. Química é a disponibilidade. Vale ressaltar que é muito importante ter um relacionamento de respeito nos bastidores. Desse ponto em diante, a química aparece. Temos que ter humildade também. A Juliana e a Viviane têm. É isso!”
O rótulo de galã incomoda você?
“Isso não tem jeito. Eu dou sempre graças a Deus por isso. Você ser enaltecido por uma forma física que muita gente quer ter. Seria uma loucura eu falar que não gostaria de ser tachado assim. Se não quisesse, eu iria só fazer o Corcunda de Notre Dame, etc. Você pode fazer um personagem ou outro que você pode pintar com tinta forte e tal. Eu sempre tentei quebrar um pouco isso nas caracterizações dos personagens. É só uma pequena purpurina. Não tenho problema nenhum em ser rotulado.”
Ainda falando de galãs: você está na categoria de galãs maduros, que tem Alexandre Nero, Rodrigo Lombardi, Domingos Montagner, etc. Você mantém alguma rotina especial para manter o shape?
“Eu tive que me preocupar com o figurino, que é bem marcado. Eu tive que me manter no peso. Não como carne (há seis anos), cortei todo derivado do leite, bebo muita água, etc. Tenho me sentido muito bem. Deixo claro que você não precisa ser malhado para ser nada. Não precisa ser malhado para ser personagem nenhum. Precisa ‘ser’ humano, só. Mais nada. Eu por mim, sempre fui atleta. Não sei ficar sem esporte. Não sou um cara radical. Nada de cirurgia e tal.”
O canal Viva está reprisando ‘Mulheres de Areia’. Qual a importância dessa trama em sua carreira?
“Uma importância muito grande. Você não tem ideia, eu quase não faço essa novela por minha culpa. Na época, eu estava no corredor da emissora para falar sobre essa novela. Eu tinha acabado de fazer ‘Pedra sobre Pedra’. Estava encenando um espetáculo e minha vida estava bem complicada nesse período. E tinha também outro projeto de teatro para fazer. Estava no corredor esperando para falar com o Paulo Ubiratan, para desistir do Alaor (personagem da trama). Nesse momento, apareceu Roberto Talma, que considero um anjo e me falou o seguinte: ‘Não vai fazer nada de teatro. Vai fazer o que você está fazendo. Vai lá aceitar esse papel, que o personagem é incrível. Quando você for Humberto Martins, você faz o que você quiser. Aí você faz teatro, faz cinema e vem para a televisão fazer o que você quiser. Por enquanto não, você ainda está no inicio. Entra nessa sala e aceita isso’. Ele me deu uma bronca. Fiquei no corredor pensativo. Quando eu entrei, o Paulo Ubiratan me recebeu com uma felicidade que você não faz ideia. Acho que isso ia acontecer por si só pela maneira que ele me recebeu para fazer o personagem. Eu fico emocionado de falar deles. Eles são pessoas que conduziram a minha vida aqui na emissora, acreditaram em mim. Aceitei o papel e fiz com toda dedicação do mundo. O Alaor foi inspirado em um fazendeiro chamado Edgar, que trabalhava na fazenda onde a gente gravava a novela. Me inspirei em tudo naquele rapaz, até no modo de falar. Foi assim. Alaor foi um personagem muito importante para mim.”
O que você tem do Humberto do inicio da carreira guardado dentro de ti?
“O que ainda está guardado dentro de mim, e, que foi um fator primordial na minha jornada, foi a minha criação. A minha vida desde garoto, aonde eu vivi, Mesquita, Nova Iguaçu (bairros da bai
xada Fluminense do Rio de Janeiro). Tenho orgulho de tudo! Aos treze anos eu já trabalhava, aos dez anos eu vendia as minhas revistinhas velhas, na feira. Eu lia muito gibi. Eu já era um cara que procurava o que fazer. Sempre fui empreendedor. Quando eu cheguei aqui, aos 23 anos de idade, cheguei com muita bagagem de vida. Mais do que uma pessoa que é criada em um apartamento em Copacabana, na Gávea, etc. Sem descriminação nenhuma. Mas a minha vida foi muito diferente, mais preenchida em termos de vivência, que possa ser utilizada em personagens futuros e até em relacionamentos: de casa, de família, disso tudo. Eu sou muito agradecido a minha origem.”
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