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O ator ainda contou sobre como concilia a paternidade com a novela
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Alexandre Nero sobre o futuro de Romero: “Eu acho que ele deveria morrer”

O ator ainda contou sobre como concilia a paternidade com a novela

Na reta final de A Regra do Jogo, o grande protagonista da trama global, fala um pouco do futuro do personagem e relata que a morte seria ideal para o desfecho de Romero. Pai de primeira viagem, Alexandre fala da sensação ao ver o rostinho de seu filho pela primeira vez e promete novos projetos depois da novela. Confira a conversa com a Guia da TV!

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A Regra do JJogo

Foto: Divulgação/Gshow

Já estamos na reta final de A Regra do Jogo. Qual o balanço que você faz até aqui? E o Romero ainda não ficou bonzinho, né?

Cara, de longe, o Romero é talvez o personagem mais difícil que eu estou interpretando na vida. De longe! O autor passa rasteira em mim e no público o tempo inteiro (risos). Eles nos engana. Ele me engana (risos). Por que eu falo que ele talvez seja o personagem mais difícil de minha carreira?  Por que eu ainda estou descobrindo ele. Quando eu penso que ele não vai fazer mais alguma crueldade. Ele vai e faz. Eu acho esse personagem talvez, estava pensando isso dias atrás, talvez possa me arrepender de uma bobagem que eu vou falar. A princípio do que me ocorre, é que talvez o Romero seja o personagem mais humano que eu tenha feito, não tenha dúvida disso. Um dos mais humanos da teledramaturgia do nosso país. Ele é a maior contradição que pode existir de alguém, de algo. Isso é ser humano. Ser humano é isso. Ser humano ama você na parte do dia, e, a noite está odiando você. Cheio de camadas. Ele é milhões de pessoas em uma só. Ele é contraditório o tempo inteiro. Ele se contradiz o tempo todo, ele se engana. Ele acredita nas mentiras que ele mesmo conta.
 
Fica claro que ele tem bastante dúvida em relação à vida, né?

Ele tem! Ele tem bastante dúvida. E posso lhe garantir uma coisa: Romero será eternamente infeliz. Porque nada para ele é bastante. Ele acha que quer dinheiro. Quando ele consegue, se sente culpado, pois tem gente passando fome. Quando ele ajuda as pessoas passando fome, elas falam que querem dinheiro também. Ele é um cara eternamente humano. Acho que qualquer pessoa que tem consciência do mundo em que se vive, não é feliz plenamente. O tempo inteiro você sabe que tem ambição. Mas tem milhões de pessoa morrendo de fome. Quando você vai ajudar, não consegue ajudar todo mundo. Quando ajuda também recai, que você trabalha tanto e merece dar uma viajada. Somos uma contradição o tempo inteiro.
 
Você tem uma torcida pelo final do Romero? Alguma direção de vida?
 
O autor falou que iria ter uma redenção desse cara. Entretanto, eu acho que a única maneira de um cara ter uma redenção, de um ser humano de verdade, real, ter uma redenção, é morrendo. Quando morre todo mundo vira santo. Eu acho que a única maneira de alguém virar um heroi, das pessoas virarem santos, é a morte. Qualquer pessoa. Quando estiver vivo, todo mundo tem um rabo preso. Todo mundo tem um lugar frágil para atacar e ser atacado. Então, o Romero não é diferente. Ele tem defeitos, como muitos e qualidades como todo mundo. Eu acho o Romero um cara muito comum. Muito diário. Muito mais que a gente pensa. O Romero é tão maravilhoso que o próprio público não se enxerga nele. O Romero se engana que ele é bom. O público também. As pessoas acham que elas são boas. Elas não são boas. Elas têm defeitos. Tem muita coisinha ali embaixo, mas elas sempre acham que são melhores que os outros. Sempre são os outros. O Romero também acha isso. Ele acha que os problemas são os outros e ele não. Ele até tem muita autocritica. Bastante. Ele se culpa muito. Que é muito raro de acontecer.

romero com arma

Foto: Divulgação/TV Globo

 
A gente viu você decorando os textos. Que são muitos por sinal.  Como você lida com essa carga de trabalho?

É bastante coisa. São muitos textos. Então é assim, eu estudo em casa. É totalmente diferente se eu tivesse duas cenas hoje. Hoje o que vocês viram, foi uma coisa atípica. Quando eu tenho duas cenas, eu estou muito mais pronto. Hoje não, eu tenho 16 cenas. Todas com muitas falas. Essa semana eu tive fala pra caramba. A semana que vem também. Eu não consigo mais decorar. Eu decoro na cena. Eu estudo e entendo as cenas em casa. Sei do que se trata. Claro que eu preciso lembrar. Por isso a continuísta fica vendo as cenas. Eu estudo em casa. Porém eu não decoro. É uma técnica de teatro. A gente acaba decorando na marca. Por isso que eu faço a marca toda, com o texto na mão. Depois que eu fiz a marca uma vez tudo flui. E o texto do João é muito fácil de falar. É um texto cotidiano. Tem começo, meio e fim. É mais fácil, do que qualquer texto teatral. Uma coisa mais complicada.
 
Saíram algumas notas na mídia de que você estaria odiando trabalhar com a Amora Mautner. É verdade isso?

Gente, isso foi tão imbecil. Para gente inteligente eu amo a Amora. Mas para gente imbecil eu odeio. Foi uma brincadeira que eu fiz. O cara imbecil vai entender pela metade. Para bom entendedor, meia palavra basta.
 
Como está sem a experiência de ser pai? Está conseguindo dormir a noite?

Cara, quem sofre mais é a minha companheira. A necessidade dela nesse momento é fundamental. De amamentar e tal. Eu tenho repetido isso diariamente, as mulheres são incríveis, geniais. Se fossemos nos homens, que déssemos a luz, a raça humana tinha acabado (risos). Eu nunca tinha visto uma mulher com sua cria. Agora estou vendo em casa. Eu não sabia disso, só tinha ouvido falar. Não tinha vivido. As mulheres são corajosas demais, têm uma paciência gigantesca, são heroínas. Bravas, bravas, bravas. Nós homens estamos muitos anos luz atrás das mulheres. Em termo de evolução. Essa coisa da paciência, de dar de mamar, cuidar de três em três horas, é uma loucura. Isso aí é uma dedicação inexplicável. Todos os meus aplausos para as mulheres. Especial por isso. E não por causa disso só. O homem não tem muito que fazer. A gente pode ajudar. Mas o trabalho bruto é todo executado por elas.
 
E como está sendo conciliar tudo isso na reta final de A Regra do Jogo?

Quando eu fiquei sabendo da gravidez, eu sabia que estaria protagonizando, eu tentei me programar. Eu sabia que ele iria nascer na reta final da novela. Ela tem todo aparato. Claro! Está com babá, gente ajudando, com a mãe dela também. Ela está toda aparamentada lá em casa. Com todas as condições possíveis. Que muita gente não tem, né? Ainda bem que a gente está podendo ter. Mas é complicado é mesmo.

A Regra do Jogo

Foto: Caiuá Franco/TV Globo

 
O momento que você tem livre está dando para curtir o pequeno?

Não tem momento livre. Não tem jeito. Quando não estou gravando, estou estudando texto. Gravo muito. O único dia livre que eu tenho é o domingo. Nesse dia, eu fico separando o texto para gravar durante a semana. Não se tem tempo livre quando se faz um personagem desse tamanho, em uma novela desse tamanho. É muito cu
rioso. Mas não tem tempo livre. Não tenho tempo de nada.

Já trocou a fralda do filhão?

Lógico! No primeiro dia. Não é difícil não. É uma coisa instintiva do animal. Sabe? É isso.
 
Como foi a sua reação quando viu o rosto de seu filho pela primeira vez?

Então, eu tentei intelectualizar tudo isso ai, que é uma coisa que eu sempre ouvia dos outros. Todo mundo escuta que é uma coisa inexplicável, que é um momento mágico, enfim. É tudo isso mesmo! A minha vida inteira passou pela minha cabeça. Eu tive momentos que eu ria, que eu chorava, tive momentos que eu me emocionava. Passou muita coisa pela minha cabeça. Lembrei da minha infância, lembrei do meu pai, da minha mãe, de todo o meu trabalho até chegar aqui. Não foi consciente. As coisas foram passando. Quando alguém passa por um acidente, parece que a vida passa em fração de segundos. Mais ou menos isso que aconteceu comigo. Foi uma sensação muito maluca. Não sei descrever isso. Mas é uma sensação muito próxima de estar alcoolizado. Sei lá!
 
Após essa trama, você vai entrar de férias?

Da televisão sim! As pessoas não aguentam mais ver a minha cara. Eu não aguento. Ainda mais as pessoas (risos).
 
E o Nero cantor?

Vão ter vários projetos sim. Cinema, teatro, musica e strip-tease (risos).

Entrevista: André Luís Romano/Colaborador

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