A autossabotagem – ou o autoboicote, como também pode ser chamado –, em resumo, nada mais é do que você mesmo ser o responsável por dificultar ou inviabilizar mudanças e rumos da sua própria vida que proporcionariam bem-estar, trariam benefícios e algum tipo de melhora para si mesmo. A psicanalista mestre em psicologia social e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase) Vírginia Ferreira explica que a autossabotagem é um sintoma psíquico, assim como as compulsões, a ansiedade, o pânico, as fobias, a depressão, dentre outros. “Os sintomas psíquicos fazem a pessoa atribuir suas dores, seus fracassos, suas compulsões, sua falta de vontade e desânimo para tudo ao acaso, ao cansaço, aos outros, enfim, nunca a elas mesmas. Não param para pensar o que pode estar acontecendo de errado com elas mesmas. Desta forma, os sintomas vão tanto se ampliando devagarzinho para as diversas esferas da vida, como se tornando cada dia um pouco mais intensos”, elucida a especialista.
Sabe aquela espinha que apareceu no nariz no dia daquele encontro especial que você tanto esperou? Ou aquela gripe que pegou na véspera de uma importante reunião ou prova? Situações como essas estão fora do domínio da consciência, você não decide ou tem poder de escolha sobre elas, apenas acontecem. Ao contrário, o autoboicote se refere a atitudes forjadas por uma parte de nós que não consegue enxergar o potencial que temos ou que impede qualquer realização benéfica. Essa parte subestima qualquer capacidade de lidar com a vitória, por medo dos riscos e das responsabilidades que podem vir junto, da autonomia e da independência que tal fato poderá trazer ou do sucesso que, para muitos, é algo apavorante.
“Um exemplo que acontece todos os anos e com quase todas as pessoas é que quase todas as ‘promessas’ de final do ano são deixadas de lado”, exemplifica Karina Mussi, psicóloga e coach. É o caso do profissional que, prestes a ser promovido, com pavor do novo, comete erros primários, deixa responsabilidades de lado, não entrega relatórios e algumas outras atitudes que acabam por prejudicar sua ascensão na empresa. Sabe aquela saidinha da dieta apenas no final de semana? Vamos encarar: ela também é uma forma de sabotar a si mesmo.
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Texto: Nathália Piccoli Edição: Angelo Matilha Cherubini
Consultorias: Vírginia Ferreira, psicanalista mestre em psicologia social e professora da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP/Fase) e Karina Mussi, psicóloga e coach